Governo de Lula manterá pragmatismo nas relações com Trump, diz ex-ministro
Assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim afirmou, nesta quarta-feira (6), que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manterá o “pragmatismo” nas relações com a futura administração de Donald Trump nos Estados Unidos.
O candidato do Partido Republicano foi eleito, na madrugada desta quarta, após uma expressiva vitória sobre a atual vice-presidente Kamala Harris, do Partido Democrata – a quem Lula havia declarado apoio na semana passada.
Amorim disse ainda que não acredita em uma postura excessivamente protecionista de Trump à frente da Casa Branca – uma das principais preocupações do governo brasileiro no que diz respeito às relações comerciais entre os dois países nos próximos quatro anos.
Pragmatismo nas relações comerciais
“O mundo precisa de diálogo e trabalho conjunto para termos mais paz, desenvolvimento e prosperidade. Desejo sorte e sucesso ao novo governo”, afirmou o presidente brasileiro.
“É cedo para falar que ele vai ter uma postura protecionista. Candidato fala muita coisa, depois tem que pensar direitinho como vai fazer. Somos contra o protecionismo, somos a favor da OMC [Organização Mundial do Comércio]. A verdade é que o protecionismo não foi restabelecido totalmente, nem parcialmente, nos últimos anos. É preciso ter calma”, afirmou Amorim.
O ex-ministro também citou a convivência entre Lula e o ex-presidente dos EUA George W. Bush, também do Partido Republicano (que governou o país por dois mandatos, entre 2001 e 2008). Na época, Lula era presidente do Brasil e manteve boa relação com o líder americano, apesar das divergências político-ideológicas.
“Vamos manter o pragmatismo, como mantivemos com Bush. Ele [Lula] demonstrou simpatia à Kamala, mas muito mais grave foram as críticas que o Brasil fez ao Bush no ataque ao Iraque, e isso não nos impediu de ter boas relações”, recordou Amorim.
Aberto ao diálogo
Celso Amorim afirmou que Lula está aberto ao diálogo com o presidente eleito dos EUA. “Acabamos de ter a notícia. É cedo para falar se vamos dialogar antes da posse. Por enquanto, temos a nota [de Lula]. Claro que, se formos procurados, reagiremos positivamente”, disse.
Eleições americanas
Segundo o ministro da Fazenda, é preciso aguardar os “desdobramentos” da eleição americana e, principalmente, os primeiros sinais que serão emitidos pelo futuro governo. Trump assume em janeiro de 2025.
A vitória de Donald Trump, que retornará à Casa Branca após quatro anos para um segundo mandato (governou os EUA entre 2017 e 2021), foi confirmada por volta das 7h35 desta quarta-feira, de acordo com projeção da Associated Press.
De acordo com as últimas atualizações, Trump havia obtido 277 delegados no Colégio Eleitoral – eram necessários 270. Kamala Harris, por sua vez, estava com 224.
Júlio Rossato