Guerra comercial entre China e EUA pode beneficiar agronegócio do Brasil
Especialistas afirmam que uma nova “guerra comercial” entre China e Estados Unidos em um segundo mandato Trump, caso Pequim venha impor tarifas retaliatórias a produtos dos EUA, poderia novamente trazer ganhos para o agronegócio do Brasil, embora dessa vez os efeitos possam ser menos intensos do que na disputa sino-americana de 2018, segundo especialistas.
Isso aconteceria porque, desde a disputa comercial no primeiro mandato de Donald Trump, as exportações de produtos como soja, algodão, milho e carnes do Brasil para a China subiram fortemente, já ocupando em alguns casos parte dos espaços que antes eram dos EUA, que reduziram sua fatia.
Exportações do Brasil
No caso da soja — principal produto de exportação do Brasil –, a China já origina em lavouras brasileiras quase 75% de toda oleaginosa que ela compra, enquanto o apetite chinês já não anda tão voraz como no passado, ponderaram especialistas.
No ano passado, as exportações de soja do Brasil à China somaram 74,5 milhões de toneladas e renderam quase R$ 40 bilhões, versus 53,8 milhões de toneladas e R$ 20,3 bilhões, respectivamente, em 2017, antes da “guerra comercial”, segundo dados do governo brasileiro.
Impacto nas exportações
Segundo especialistas, caso a China deixe de comprar produtos dos EUA, o Brasil poderia se beneficiar, principalmente no que diz respeito ao milho e carnes. No entanto, no caso da soja, o ganho poderia ser menor, já que o país já ocupa uma grande fatia das importações chinesas. Mesmo assim, os prêmios portuários da soja brasileira dispararam desde a véspera da eleição americana, o que sinaliza um valor mais alto para o produto em relação ao mercado de referência da bolsa de Chicago.
Impacto do dólar
As políticas econômicas de Trump, na redução de impostos locais e em medidas que incentivam o crescimento da economia norte-americana, deverão fazer com que o dólar se fortaleça globalmente, impactando a demanda por commodities denominadas na moeda norte-americana. Especialistas afirmam que isso pode trazer desafios para a agricultura nacional, já que o Brasil importa mais de 85% de seus fertilizantes.