Buffett reavalia estratégia de investimentos
O megainvestidor Warren Buffett, CEO da Berkshire Hathaway, está reavaliando sua estratégia de investimentos, levantando questões entre os investidores sobre suas recentes vendas de ações da Apple. Com uma participação que chegou a 5,9% da empresa, avaliada em quase US$ 178 bilhões, a decisão de Buffett de reduzir essa posição tem gerado discussões sobre suas motivações, segundo o jornal Financial Times.
No último sábado (2), Buffett revelou que continuou a diminuir sua participação na fabricante do iPhone e em outras ações durante o terceiro trimestre, resultando em um ganho de US$ 97 bilhões para a Berkshire Hathaway. Essa movimentação elevou os níveis de caixa da empresa a patamares sem precedentes, com US$ 325 bilhões em caixa, representando 28% do valor total dos ativos da Berkshire — a maior porcentagem desde pelo menos 1990.
Princípios de investimento ou preparação para uma crise?
A decisão de Buffett provocou uma série de especulações entre analistas e investidores. Alguns acreditam que ele está se mantendo fiel aos princípios que aprendeu sob a tutoria do icônico investidor Benjamin Graham, apontando para o alto índice preço-lucro da Apple em relação ao seu potencial de crescimento. Recentemente, a Apple alertou os investidores de que seus futuros produtos podem não ser tão lucrativos quanto o iPhone, à medida que a empresa investe em inteligência artificial para competir com rivais como o Google.
Por outro lado, há quem sugira que há algo mais em jogo. A longa admiração de Buffett pela Apple e a escassez de outras oportunidades de investimento podem indicar que ele está preparando o terreno para seu sucessor ou que antecipa uma crise, o que justificaria a acumulação de caixa. “É um fenômeno estranho de se observar e levanta a questão: por que tanto caixa está sendo acumulado?”, disse Greggory Warren, analista da Morningstar, ao Financial Times.
O futuro da Berkshire Hathaway
Jeff Muscatello, analista de pesquisa da Douglass Winthrop, um dos investidores da Berkshire, sugere que a avaliação de ações pode não ser o único motivo para Buffett estar liquidando suas posições. “A iminente transição na gestão torna este um momento oportuno para preparar o terreno para a próxima geração”, afirmou ao Financial Times.
A Berkshire Hathaway sempre manteve uma posição de caixa robusta, em parte para atender às exigências regulatórias que garantem liquidez suficiente em seu portfólio de investimentos para cobrir futuras reivindicações de sua vasta operação de seguros. O investimento na Apple remonta a 2016, quando a empresa adquiriu cerca de 10 milhões de ações por US$ 1,1 bilhão, uma decisão surpreendente, dado que a Berkshire havia evitado tradicionalmente empresas de tecnologia de rápido crescimento.
Os investidores terão que aguardar mais três meses para entender melhor as intenções de Buffett. A Berkshire Hathaway informou que Buffett compartilhará suas reflexões sobre a situação em sua carta anual, prevista para fevereiro. Enquanto isso, o mercado observa atentamente as movimentações do “Oráculo de Omaha”, na expectativa de que seus próximos passos possam revelar mais sobre sua visão para o futuro da empresa.