Lula cobra cumplicidade dos Poderes para corte de gastos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou 'cumplicidade' dos Poderes Legislativo e Judiciário no esforço de medidas para o corte de gastos e disse que vai vencer 'outra vez' a 'gana especulativa do mercado financeiro'.
O presidente afirmou que essa investida pelo ajuste fiscal deve contar com a participação do Congresso e de empresários.
'Se eu fizer um corte de gasto para diminuir a capacidade de investimento do Orçamento, a pergunta que eu faço é a seguinte: o Congresso vai aceitar reduzir as emendas de deputados e senadores para contribuir com o ajuste fiscal que eu vou fazer? Porque não é só tirar do orçamento do governo. Os empresários que vivem de subsídio do governo vão aceitar abrir mão um pouco de subsídio para a gente poder equilibrar a economia brasileira? Eu não sei se vão aceitar', afirmou Lula, em entrevista ao podcast PODK Liberados, apresentado pelos senadores Jorge Kajuru (PSB-GO) e Leila Barros (PDT-DF).
Lula afirmou ainda que o tema é 'uma responsabilidade do Poder Executivo' e 'é uma responsabilidade do Poder Judiciário'. 'Quero saber se estão dispostos a fazer corte naquilo que é excessivo, se o Congresso está disposto também a fazer um corte nos gastos, porque aí fica uma parceria e uma cumplicidade para o bem, para que todo mundo faça o sacrifício necessário para a gente colocar a economia em ordem', afirmou o presidente da República.
Lula afirma que vencerá 'gana especulativa do mercado'
Em outro tema de sua entrevista, Lula voltou a provocar o mercado financeiro, afirmando que vencerá a 'gana especulativa'. 'Eu vejo o mercado falar bobagem todo o dia. Sabe, eu não acredito nisso, não, porque eu já venci eles uma vez e vou vencer outra vez. A economia vai dar certo porque o povo está participando do crescimento desse país', disse.
'Conheço bem o discurso do mercado, conheço a gana especulativa do mercado, e eu, às vezes, acho que o mercado age com uma certa hipocrisia para tentar criar confusão na cabeça da sociedade', continuou o petista.
Presidente pede esforço para incluir um ministério no grupo que será afetado pelo pacote
O presidente petista também afirmou que pretende manter uma relação de chefe de Estado com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, a despeito de todas as diferenças políticas com o republicano.
'Não cabe a mim gostar de Trump. Cabe entender que o povo americano foi soberano para eleger seu presidente', afirmou. 'Espero que Trump trabalhe pela paz e pelo povo americano, e espero ter uma relação civilizada', disse Lula.
'Temos relação histórica com os Estados Unidos e queremos manter', prosseguiu Lula, ao relembrar os bons contatos que manteve com George W. Bush e Barack Obama durante os dois mandatos anteriores, entre 2003 e 2010.
Júlio Rossato