Bitcoin dispara em rali por vários fatores além da vitória de Trump, diz executivo da Binance
O Bitcoin (BTC) disparou em novembro em um rali que é impulsionado por vários fatores, não apenas pela vitória de Donald Trump para um novo mandato nos Estados Unidos, segundo Vishal Sacheendran, head de mercados regionais da Binance, maior bolsa de ativos digitais do mundo. O executivo afirma que o salto da criptomoeda deve ser encarado como um efeito maior do otimismo do mercado com ativos de risco, diante do início do corte de juros nos EUA, e sobretudo de um evento do começo do ano: o lançamento dos primeiros ETFs de Bitcoin americanos.
Sacheendran explica que, no mercado financeiro tradicional, os bancos desenvolvem produtos para grandes investidores institucionais, familly offices e indivíduos de alta renda. Já o mercado cripto começou de baixo para cima, com foco no varejo. À medida que o setor amadureceu e surgiram regulações, investidores institucionais começaram a entrar, como nos casos dos ETFs de Bitcoin e Ethereum. Os players que movimentam muito dinheiro só entram no mercado se houver clareza regulatória, porque muitos deles gerem recursos de terceiros.
Para Sacheendran, ainda é cedo para avaliar os impactos reais das medidas que podem ser adotadas por Trump voltadas ao mercado de criptoativos. O executivo elenca três tipos de reguladores no mundo: os que proíbem porque não entendem ou valorizam a tecnologia blockchain; os que adotam a abordagem ‘esperar e observar’; e os que enxergam o potencial e buscam atrair empresas para diversificação econômica, como Dubai, Abu Dhabi e Bahrein. Os EUA não estariam em nenhum deles, diz. "O primeiro grupo está migrando para o segundo, e o segundo para o terceiro. [Os EUA] ainda estão aprendendo. Alguns estados já têm processos de registro, mas no geral, ainda estão evoluindo".
No Brasil, a Binance acompanha de perto a evolução da regulação de empresas de criptoativos, à espera dos detalhes do regime de licenças que será instituído pelo Banco Central. Enquanto isso, poderá ser ver diante da obrigatoriedade de constituir escritório no Brasil "antes da hora": na última terça-feira (12), a Câmara dos Deputados aprovou um Projeto de Lei que propõe exigir sede no Brasil para exchanges que atuem em território nacional, mesmo antes de saírem as licenças. O PL ainda será avaliado no Senado.
Júlio Rossato