Mulher faz transplante de medula para curar anemia falciforme e divulga informação
A anemia falciforme é causada por um gene recessivo, que pode ser encontrado em frequências que variam de 2% a 6% na população brasileira em geral e de 6% a 10% na população negra. Simone Bruna de Oliveira, de Maringá, foi diagnosticada com anemia falciforme aos três meses de idade. A infância foi marcada por crises e dores. Foram 20 anos buscando um tratamento adequado até começar a tomar a hidroxiureia, que é o medicamento usado hoje para pacientes com doença falciforme.
Desde 2016, Simone divulga conteúdo sobre a anemia falciforme nas redes sociais. Com isso, milhares de seguidores passaram a ter acesso a informações sobre a doença. A mãe de um seguidor descobriu, por meio do conteúdo compartilhado, que o transplante de medula era a única alternativa de cura para a doença. Entretanto, o transplante só era recomendado para quem tinha irmãos, já que o doador precisava ser geneticamente 100% compatível. Recentemente, uma nova possibilidade de transplante surgiu: o haploidêntico, onde o doador precisa ser apenas 50% compatível. A criadora de conteúdo passou a buscar um parente com essa compatibilidade e encontrou um primo. O transplante foi feito com sucesso em setembro de 2024. Simone está em São Paulo, se recuperando do procedimento.
A anemia falciforme é a patologia genética, crônica e degenerativa de maior prevalência no Brasil. Apesar disso, o primeiro relato científico sobre a doença falciforme é de 1910 e a primeira política de saúde para a patologia foi criada apenas em 2005. Ainda há muito desconhecimento em torno da doença, cujos sintomas podem ser confundidos com os de outras patologias. A hematologista Adriana Seber é referência na área e é ela quem acompanhava Simone. De maneira didática, ela explica como a anemia falciforme age no corpo e como o transplante reverte esse quadro. Entre as consequências estão quadros que afetam prioritariamente as crianças e outros que podem acompanhar o paciente ao longo de toda a vida, se agravando ao longo do tempo.
Júlio Rossato