Fundos soberanos investem em data centers no Brasil
O mercado de data centers tem atraído cada vez mais a presença de fundos soberanos, capazes de sustentar os investimentos de longo prazo e os custos cada vez maiores destes empreendimentos. Os data centers dedicados ao armazenamento e processamento em nuvem no Brasil têm atraído os olhos de grandes gestoras de ativos internacionais, conforme aplicações de inteligência artificial generativa exigem cada vez mais infraestrutura.
Três das maiores empresas do setor no Brasil, ODATA, Scala Data Centers e Ascenty, são investidas de algum fundo estrangeiro. O segmento chamado de colocation constrói estrutura para data centers das gigantes de tecnologia em nuvem pública, como Amazon, Google e Microsoft. Como seus clientes representam um risco de inadimplência baixo e pagam em dólar, os principais negócios no setor globalmente têm avaliado as companhias em múltiplos de 25 a 30 vezes seu EBITDA.
Desafios do setor
As empresas de colocation geralmente operam com fluxo de caixa negativo, ainda que apresentem resultados contábeis favoráveis, devido ao caráter intensivo em capital e à necessidade de constantes aportes. O ponto central está nos contratos de longo prazo, dolarizados, com clientes de alta qualidade. As projeções de capex trimestral somado das principais empresas de tecnologia chega a US$ 70 bilhões de dólares.
O CEO Latam da ODATA, Ricardo Alário, afirma que é um mercado em que parar de crescer é muito difícil, uma demanda alta de capital. No caso da companhia, a compra pela Aligned Data Centers, cujo fundo Macquarie Asset Management detém uma parcela majoritária, ajudou a destravar investimentos em expansão. O mercado de data centers que mal consegue acompanhar a demanda tem levado fundos a se movimentarem pelo receio de ficar de fora da onda.
Fortalecimento dos fundos soberanos
É cada vez mais provável que futuros desinvestimentos fortaleçam a posição de fundos soberanos no setor. Esses fundos pertencem a governos ou órgãos governamentais e não possuem a obrigatoriedade de cumprir um cronograma rígido de desinvestimentos. Neste ano, o Mubadala, fundo soberano do Emirado de Abu Dhabi, fez um investimento na inglesa Yondr. A americana Equinix, listada na Nasdaq, criou uma joint venture com o Fundo de Pensão Canadense e o Fundo Soberano de Cingapura para investir mais de $15 bilhões em data centers.
Projeção do mercado brasileiro
No Brasil, há aproximadamente 580 megawatts de TI (MW de TI), unidade de medida para tamanho de data centers baseado em consumo energético. A expectativa do mercado é chegar a 2 GW até 2028. A projeção para 2028 é de cerca de US$ 20 bilhões acumulados. A demanda por infraestrutura de inteligência artificial generativa aumenta cada vez mais, o que impulsiona o mercado de data centers.
Fonte: InfoMoney
Júlio Rossato