Apoiados pelo governo, agricultores franceses se mobilizam contra acordo comercial com Mercosul
Os agricultores franceses organizaram mobilizações nesta segunda-feira, 18, contra o acordo comercial União Europeia-Mercosul. Apoiados pelo governo, os produtores argumentam que o acordo ameaça seus meios de subsistência ao permitir um aumento das importações agrícolas sul-americanas, que são produzidas sob padrões ambientais menos rigorosos.
Os protestos estavam previstos para ocorrer em todo o país, mas, até agora, os atos eram pequenos.
Obstáculos e apoios ao acordo
A União Europeia e o Mercosul chegaram a um acordo inicial em 2019, mas as negociações enfrentaram obstáculos devido à oposição dos agricultores e de alguns governos europeus, como o da França.
“É inaceitável tal como está”, disse o ministro de Relações Exteriores francês, Jean-Noël Barrot.
Outras nações, como a Alemanha e a Espanha, gostariam de ver um acordo amplo com os sul-americanos. “Há uma certa mitologia em torno do Mercosul”, disse o ministro espanhol da Agricultura, Luis Planas Puchades, que argumenta que há mais em jogo do que apenas a agricultura.
Protestos liderados por sindicatos
Os novos protestos na França são liderados por sindicatos que se opõem a importações isentas de tributos de carne bovina, aves e açúcar, que, segundo eles, criam uma concorrência desleal.
Argumentos dos defensores do acordo
Os defensores do acordo argumentam que o pacto reforçaria significativamente os laços econômicos entre a Europa e a América do Sul, eliminando as tarifas sobre as exportações europeias, sobretudo de maquinaria, produtos químicos e automóveis, melhorando assim o acesso ao mercado e criando oportunidades lucrativas para as empresas europeias.
A ministra da Agricultura francesa, Annie Genevard, opôs-se publicamente ao acordo comercial UE-Mercosul, citando riscos de desmatamento e preocupações de saúde associadas à carne tratada com hormônios. O presidente da França, Emmanuel Macron, também criticou o acordo, a menos que os produtores sul-americanos cumpram os padrões da UE.
Júlio Rossato