Cemig cai após mercado perceber desafios para privatização
A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) está entre as maiores baixas do Ibovespa nesta segunda-feira (18) devido à percepção do mercado de que os desafios políticos e legislativos são empecilhos para concretizar a privatização da companhia. Às 16h35 desta segunda, a ação da ON caía 4,30%, com ações sendo negociadas a R$ 11,57.
O presidente da empresa, Reynaldo Passanezi Filho, afirmou, durante teleconferência com analistas e investidores, que a privatização da Cemig continuará condicionada à realização de um referendo popular, mesmo que um projeto de lei sobre o tema seja aprovado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Desafios para privatização
O governo de Minas Gerais apresentou à ALMG projetos de lei relacionados à desestatização da Cemig e da Copasa na última quinta-feira (14), mas o processo exige uma consulta popular, conforme estabelece a Constituição do Estado. Empresas de setores estratégicos, como energia elétrica, gás canalizado e saneamento básico, só podem ser privatizadas após aprovação em referendo.
Os obstáculos têm despertado ceticismo entre analistas e investidores, segundo relatório do Itaú BBA. Conforme o banco, a realização de um referendo tem poucas chances de trazer um resultado favorável ao governo estadual. Por isso, o cenário mais provável seria a tentativa de aprovação tanto da emenda constitucional quanto do projeto de lei na ALMG. No entanto, analistas permanecem céticos quanto às perspectivas de sucesso, considerando o cenário político adverso em Minas Gerais.
Estratégia da Cemig
Enquanto o processo de privatização segue incerto, a Cemig mantém sua estratégia de priorizar investimentos no estado de Minas Gerais. A empresa investiu mais de R$ 3 bilhões no segmento de distribuição nos primeiros nove meses deste ano e prevê aplicar R$ 4,4 bilhões até o final do ano. De acordo com o Itaú BBA, o montante representa quatro vezes a depreciação regulatória da concessão (QRR).
O segmento de comercialização de energia da Cemig apresentou resultados abaixo do esperado no trimestre, impactado por margens de negociação mais apertadas. A companhia atribuiu o desempenho ao custo de exposição a diferentes submercados, como o Nordeste, que possui preços inferiores aos do Sudeste. Além disso, a gestão da estatal relatou problemas com empresas comercializadoras que não cumpriram suas obrigações contratuais, levando ao adiamento de um contrato significativo para 2025.
Dívida líquida/Ebitda da Cemig
A dívida líquida/Ebitda da empresa está em 0,9 vez, mas, segundo estimativa do Itaú BBA, pode atingir entre 2x e 2,5x até 2027 devido ao aumento dos investimentos. A partir de 2028, com o reajuste tarifário da Cemig Distribuição, a empresa espera iniciar uma trajetória de desalavancagem.
O Itaú BBA destaca que, apesar dos desafios operacionais e do ceticismo em torno da privatização, a Cemig continua sendo uma empresa estratégica no cenário energético brasileiro, com potencial para atrair investidores devido ao compromisso com investimentos locais e distribuição de dividendos.