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Mercado financeiro brasileiro aguarda anúncio de cortes de gastos públicos

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aguarda aprovação do presidente Lula para anunciar os detalhes do pacote de cortes de gastos públicos.

Mercado financeiro brasileiro aguarda anúncio de cortes de gastos públicos

O mercado financeiro brasileiro está em estado de expectativa e incerteza em relação ao futuro dos cortes de gastos públicos e seu impacto na Bolsa. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse na quarta-feira (13) que o ministério já está preparado para anunciar os detalhes do pacote de cortes de gastos, mas que aguarda a aprovação do presidente Lula (PT), que ainda não definiu a data para a divulgação. No domingo, afirmou que o pacote de cortes de gastos “está fechado” com Lula, e que o anúncio ocorrerá “brevemente”.

Detalhes do pacote de cortes de gastos

De acordo com informações do Valor Econômico, Haddad adiantou a alguns congressistas que as medidas podem poupar cerca de R$ 70 bilhões em dois anos, sendo R$ 25 bilhões a R$ 30 bilhões em 2025 e R$ 40 bilhões em 2026.

Expectativas do mercado

O Bradesco BBI aponta que, para que as expectativas do mercado comecem a se reancorar e abram espaço para futuros cortes de juros, é fundamental que o governo adote um plano de ajuste fiscal potente e estrutural. Entre as medidas mais aguardadas, estão cortes de gastos e reformas estruturais que aprofundem a regra fiscal. Esse processo, segundo o banco, é visto pelo mercado como um fator decisivo, mas essa perspectiva fiscal permanece envolta em incertezas, com especialistas do BBI destacando que uma decepção nas ações do governo poderia aprofundar a crise de confiança, elevando as taxas de juros, enfraquecendo o real e afastando investidores estrangeiros, que atualmente possuem boas posições no mercado brasileiro.

Setores beneficiados e prejudicados

Segundo o BBI, se as expectativas de corte de gastos se confirmarem, setores como Materiais e Consumo Discricionário são vistos como os principais beneficiados na Bolsa, historicamente favorecidos em períodos de corte de juros. Por outro lado, os setores de tecnologia e energia são apontados como os “perdedores” em cenários de corte de juros, já que suas operações tendem a ser menos impactadas pela queda nas taxas.

Projeções do Bradesco BBI

Para 2025, mesmo com um ajuste fiscal bem-sucedido, o Bradesco BBI projeta que o Banco Central só conseguirá reduzir a taxa Selic gradativamente, com um pico de 12,25% previsto para o primeiro trimestre de 2025, caindo para 10,75% no final do ano, e possivelmente chegando a 9,5% em 2026. Os estrategistas do banco afirmam que o Brasil se destaca globalmente com a maior taxa de juros real, o que impulsiona as expectativas do mercado para uma queda significativa.

Impacto nos fluxos de investimentos

Porém, a situação fiscal crítica no Brasil impacta diretamente os fluxos de investimentos, com uma saída contínua de capitais estrangeiros. De acordo com o relatório do JP Morgan, as saídas líquidas de ações estrangeiras na B3 continuam a ser um problema persistente. Em outubro, as saídas somaram mais R$ 2,5 bilhões, refletindo um movimento de aversão ao risco alimentado pelas incertezas fiscais e pela pressão sobre o real, agravada pela valorização do dólar, especialmente com o contexto internacional desafiador.


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