Startup lança plataforma de IA para ensino de história e cultura afro-brasileira
O Dia da Consciência Negra é celebrado pela primeira vez como feriado nacional nesta quarta-feira (20), e um dos principais desafios associados à data é fazer valer uma lei criada há mais de 20 anos, mas que ainda não saiu do papel: implementar o ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas. Agora, uma startup diz que pode ajudar a resolver esse problema com inteligência artificial (IA).
A Biografia Preta lançou durante a Web Summit, em Lisboa, uma plataforma que combina IA, blockchain e outras tecnologias para criar ferramentas educativas que buscam aproximar alunos e professores do legado afro-brasileiro. Seu carro-chefe é a Wini.IA, um chatbot treinado para responder questões sobre história e cultura afro-brasileira de forma acessível e adaptada à realidade local.
Inteligência artificial adaptada à realidade local
A IA ajusta sotaques, utiliza gírias regionais e destaca narrativas afro-relevantes específicas de cada região do país. “Uma escola pode usar a IA em aulas, fazendo perguntas diretamente para figuras históricas como Machado de Assis, facilitando o aprendizado dos alunos”, explica o fundador Léo Oliveira.
A ferramenta também vai além das respostas diretas, sugerindo conteúdos relacionados ao perfil do usuário. Por exemplo, ao abordar temas de resistência, a Wini.IA pode adotar o “modo guerreiro”, oferecendo respostas focadas em superação e luta histórica.
Combate ao racismo algorítmico
A Biografia Preta busca atender mais de 178 mil escolas públicas de educação básica no Brasil, ajudando professores e alunos a trabalhar o ensino afrocentrado. Segundo a startup, um dos objetivos é combater o racismo algorítmico, garantindo que as respostas respeitem a representatividade negra e os valores de igualdade.
O negócio, que está em fase de implementação de seu MVP, é liderado por Oliveira, que tem mais de 20 anos de experiência em tecnologia com iniciativas de valorização cultural, e tem Mel Campos na estratégia de negócios. Na área de gamificação educacional está a educadora Tata Ribeiro, e a pesquisadora Ana Dindara contribui com conhecimentos sobre o movimento antirracista.
Eventos de lançamento
Após apresentar a solução em Lisboa, a startup lançará sua plataforma nacionalmente em um evento afro-futurista no Vale do Dendê, em Salvador, entre 29 e 30 de novembro. No início de 2025, a Biografia Preta planeja promover uma formação específica para professores sobre o uso de inteligência artificial no ensino.
Júlio Rossato
