Pacote de corte de gastos deve ser anunciado na próxima semana
Em meio à expectativa do mercado financeiro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que as medidas devem ser anunciadas no começo da próxima semana, provavelmente na segunda-feira (25) ou terça-feira (26). As declarações foram dadas em uma rápida entrevista coletiva na saída do Ministério da Fazenda, em Brasília (DF).
Segundo Haddad, está marcada uma reunião final com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, para bater o martelo. Haddad também disse que o atual volume de despesas demanda bloqueios nas contas públicas, que devem chegar a algo em torno de R$ 5 bilhões.
Medidas compartilhadas com presidentes da Câmara e do Senado
De acordo com Haddad, grande parte das medidas já foram compartilhadas com os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco. Na conversa com os jornalistas, Haddad reafirmou o otimismo em relação ao resultado primário do governo neste ano. “Não vai haver alteração de meta de resultado primário. E já estamos praticamente no último mês do ano convencidos de que temos condições de cumprir a meta estabelecida na LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias] do ano passado”, concluiu.
Ibovespa caiu 0,99%
Nesta quinta-feira, o Ibovespa caiu 0,99%, a 126.922,11 pontos, tendo marcado 128.196,63 na máxima e 126.593,85 na mínima do dia, menor patamar intradiário desde 7 de agosto. O volume financeiro somou R$ 22,06 bilhões. O indicador fechou pressionado pela performance negativa de grandes bancos e em meio ao ceticismo do mercado em relação ao pacote de corte de gastos prometido pelo governo federal.
Alternativas em análise pela equipe econômica
Uma das alternativas em análise pela equipe econômica é fazer um “redesenho” do abono salarial (uma espécie de 13º salário pago a trabalhadores com carteira que recebem até dois salários mínimos). Integrantes do governo avaliam que o benefício – que custará R$ 30,7 bilhões em 2025 – pode ficar mais concentrado nos mais pobres.
Por outro lado, a desvinculação de benefícios sociais, como o abono e o Benefício de Prestação Continuada (BPC), em relação ao salário mínimo, está descartada pelo governo. Ainda há quem defenda, na equipe econômica, que os pisos de saúde e educação sejam alterados, mas a medida não conta com a simpatia de Lula e de ministros da área social do governo.
Pacote de medidas de controle de despesas
O mercado financeiro aguarda com ansiedade a apresentação de um pacote de medidas de controle de despesas prometido pelo governo federal. A ideia é que o conjunto de ações ajude a apontar para a sustentabilidade do novo marco fiscal e reduza o nível de ceticismo fiscal de agentes econômicos observado nas últimas semanas. O Poder Executivo deve se debruçar sobre iniciativas que contenham a evolução dos gastos classificados como obrigatórios, que respondem por mais de 90% do Orçamento Federal e a cada ano crescem acima do limite de 2,5% real estabelecido pelo arcabouço fiscal (o que obriga a realização de cortes cada vez maiores nas despesas discricionárias, que incluem investimentos públicos).
Barômetro do Poder
Segundo a 59ª rodada do Barômetro do Poder, levantamento feito pelo InfoMoney, as projeções de 16 dos 17 especialistas consultados para o impacto fiscal das medidas variam de R$ 10 bilhões a R$ 50 bilhões — nível de dispersão que indica o grau de incerteza do momento. O levantamento mostra que a média das apostas dos analistas políticos ficou em R$ 29,94 bilhões de economia gerada com as possíveis ações ainda não anunciadas. O número é praticamente o mesmo da mediana: R$ 30 bilhões.
Para Caio Megale, as medidas devem ter como principal objetivo desacelerar o crescimento de gastos.
Júlio Rossato