Polícia Científica do Paraná adquire sistema automatizado de extração de DNA
A Polícia Científica do Paraná (PCP) concluiu a instalação de um novo sistema automatizado de extração de DNA que vai tornar a análise de materiais ligados a investigação de crimes violentos e sexuais mais precisa. Chamada de Autolys, a plataforma foi adquirida pelo Governo do Estado por quase R$ 2,7 milhões e representa o que há de mais moderno na área de análise forense no mundo.
A compra do equipamento foi efetuada com recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) após ser definida como uma prioridade pelo Governo do Estado, sendo alocada na PCP por meio do Fundo Especial do Sistema Único de Segurança Pública do Paraná (Funsusp/PR). Desde 2019, o Paraná tem se destacado como um dos estados que mais aplicam os recursos recebidos do FNSP, com 71% dos valores empenhados em melhorias da estrutura policial.
Autolys: mais precisão nas investigações
O Autolys foi instalado na sede da PCP no bairro Tarumã, em Curitiba, e é projetado para extrair o DNA de diversas células humanas, incluindo espermatozoides, o que o torna crucial para a investigação de crimes que envolvem material biológico.
Para o diretor-geral da PCP, Luiz Rodrigo Grochocki, a chegada do equipamento coloca o Paraná na vanguarda da tecnologia forense, fortalecendo sua capacidade de resolver casos complexos com mais agilidade e precisão. “Essa automação gera resultados mais eficazes para o sistema de justiça e segurança pública, mas também serve como uma proteção do cidadão contra eventuais injustiças ao gerar provas periciais robustas baseadas no método científico”, defendeu.
Processo automatizado reduz riscos de contaminação
De acordo com o chefe da Seção de Genética Molecular Forense da PCP, Pedro Canezin, o sistema purifica o material obtido, prepara as amostras para quantificação e ajusta a quantidade de DNA a ser amplificada – um processo conhecido como normalização. Até então, os procedimentos de coleta e análise de material genético eram feitos manualmente pelos peritos da Polícia Científica, que precisavam manipular as amostras junto com reagentes químicos, muitos deles tóxicos.
Com a automatização, os riscos de contaminação são minimizados, o que garante uma amostra mais pura e, consequentemente, resulta em mais qualidade aos resultados e confiabilidade às análises feitas a partir do material coletado. “A célula espermática, que é uma célula sexual, tem toda uma peculiaridade para que se consiga extrair o material genético, e o Autolys faz isso de uma maneira ultra pura, o que garante um rendimento potencializando na resolução de crimes sexuais”, esclareceu.
Autolys aumenta a eficiência da PCP
Além da precisão, a PCP também deve ganhar em eficiência. Segundo Canezin, o novo equipamento é capaz de processar cerca de 88 amostras de uma só vez, o que representa de três a quatro vezes mais do que a capacidade atual dos peritos. “Com isso conseguiremos aumentar o número de laudos de violência sexual liberados para a justiça e a tendência é que tenhamos uma redução do tempo de liberação, que até então demorava de uma a duas semanas em média desde a extração, amplificação, separação e análise do perfil pelos peritos”, explicou.
Investimentos para melhorias na estrutura policial
A plataforma Autolys é operada por apenas outros quatro estados e pela Polícia Federal, o que coloca o Paraná entre aqueles com os maiores e mais modernos parques tecnológicos para o processamento de DNA no Brasil.
A iniciativa é mais uma que visa melhorar a estrutura da Polícia Científica do Paraná e, sobretudo, o laboratório de genética molecular da corporação, criado há 20 anos e uma referência nacional pela sua política de constantes inovações.
A plataforma faz parte do Programa Laboratório de DNA 2.0, cujo nome faz referências às duas décadas de criação da estrutura, e visa combater a impunidade nos casos de violência sexual. Em abril, a PCP já havia recebido um novo equipamento de análise química de amostras adquirido pelo Governo do Estado por R$ 465 mil. Chamado de Espectrômetro Portátil, ele é utilizado desde então na identificação de agressores sexuais.