Investidores globais estão otimistas com a América Latina, com foco na recuperação da Argentina
Estrategistas do Bradesco BBI afirmam que a visão dos investidores globais sobre a América Latina tem se tornado mais positiva, com sinais construtivos no Brasil e um foco crescente na recuperação da Argentina. Apesar de dificuldades econômicas e políticas em alguns países da região, o relatório aponta visão dos investidores globais com perspectivas mais favoráveis para os mercados financeiros de Brasil, México e, sobretudo, Argentina, que atraem atenção por diferentes motivos.
Argentina
A Argentina surge como a estrela da região, atraindo o interesse de investidores pela possibilidade de uma recuperação econômica sustentada. Os analistas dizem que o país conseguiu avanços como ajustes fiscais, negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e acumulação de reservas, além de discutir a remoção de restrições de capital. Empresas como YPF, Vista, Geopark e Supervielle estão no radar dos investidores, refletindo uma aposta cautelosa, mas promissora no mercado argentino.
Brasil
No Brasil, o mercado observa com otimismo a possibilidade de uma reancoragem fiscal e monetária. Um pacote fiscal forte, esperado como o principal legado do governo Lula, tem potencial para reforçar a credibilidade do país e reduzir o risco de deterioração econômica. Para o banco, os investidores também antecipam um ciclo eleitoral de 2026 marcado pela indefinição de candidatos na esquerda e pela divisão na direita, que pode afetar o cenário político de médio prazo. No mercado acionário, o Brasil enfrenta um paradoxo: apesar das empresas entregarem forte crescimento de lucros, investidores estrangeiros mostram-se mais dispostos a correr riscos do que os locais, que ainda permanecem cautelosos.
México
O México mantém um papel de destaque, com investidores destacando a estabilidade das políticas econômicas e a execução pragmática da nova administração de Claudia Sheinbaum. Setores como infraestrutura, habitação e consumo têm apresentado boas perspectivas, enquanto a recuperação do interesse pelo nearshoring reforça o otimismo em relação à economia mexicana.
Chile e Colômbia
O Chile continua a oferecer um ambiente macroeconômico relativamente estável, mas preocupações com inflação acima do esperado e crescimento fraco têm limitado o entusiasmo dos investidores. Já na Colômbia, a fragmentação política e a ideologia marcante do governo atual geram incertezas, dificultando previsões mais positivas para o médio prazo.
Setores econômicos
O relatório destaca ainda uma perspectiva variada para os principais setores econômicos da América Latina, com projeções sobre os desafios e oportunidades para 2025. No setor financeiro, investidores estrangeiros permanecem cautelosos diante das condições macroeconômicas e políticas na região. No setor de transporte e bens de capital, empresas como Localiza e Movida têm focado na expansão de margens e desalavancagem para mitigar o impacto do custo de capital no Brasil. No setor de saúde, a Hapvida tem adotado medidas para melhorar a performance, enquanto a Rede D’Or segue com um plano de expansão robusto de leitos operacionais. Na educação, a Cogna é líder em iniciativas de controle de custos e eficiência, enquanto a Afya aposta no fortalecimento de sua marca e no crescimento orgânico. No setor imobiliário, a Iguatemi está otimista com crescimento de vendas e oportunidades de fusões e aquisições. No agronegócio, há otimismo com as margens de lucro da avicultura, beneficiando empresas como JBS e BRF. No varejo e consumo, há sinais de recuperação, especialmente no segmento de vestuário e alimentos, com Guararapes, Carrefour Brasil e Magazine Luiza sendo apontadas como destaques em seus respectivos subsetores.
Júlio Rossato