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Empresas frigoríficas interrompem fornecimento para o Carrefour em retaliação a boicote anunciado

Empresas frigoríficas interrompem fornecimento para o Carrefour em retaliação a boicote anunciado pelo CEO global do grupo francês, Alexandre Bompard, às carnes dos países do Mercosul

Empresas frigoríficas interrompem fornecimento para o Carrefour em retaliação a boicote anunciado

Algumas das principais empresas do setor frigorífico iniciaram um processo de interrupção do fornecimento de seus produtos à rede de supermercados Carrefour e demais companhias do grupo, como o Atacadão, em retaliação ao boicote anunciado pelo CEO global do grupo francês, Alexandre Bompard, às carnes dos países do Mercosul. A decisão do CEO do grupo francês foi justificada como uma espécie de ato de solidariedade ao agronegócio do país europeu, que tem se posicionado contra o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia.

De acordo com as fontes ouvidas pelo jornal Valor Econômico, cerca de 30% das unidades do Carrefour no Brasil já vêm sofrendo, de alguma forma, com impactos no fornecimento de carne bovina. Também já haveria um movimento crescente entre os fornecedores de frango. Em relação à carne suína, pelo menos até este momento, não há informações sobre interrupção na entrega.

Acordo Mercosul-UE

Costurado desde o fim dos anos 1990, o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia teve sua primeira etapa concluída em 2019, ainda sob o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Desde então, os termos passaram à fase de revisão por parte dos países envolvidos, mas pouco se avançou até aqui. Em participação recente na Cúpula de Líderes do G20, no Rio de Janeiro (RJ), o presidente da França, Emmanuel Macron, reiterou a posição de seu governo contrária ao acordo Mercosul-UE.

Macron se opõe ao acordo com o Mercosul, principalmente, por questões políticas domésticas. O tratado é visto com ceticismo na França, pois há preocupação com riscos de enfraquecimento do setor agrícola no país. Ainda segundo o governo francês, caso o acordo se concretize nos termos atuais, empresas francesas que seguem leis ambientais mais duras em seu país terão de competir com companhias que não estão submetidas aos mesmos padrões. Segundo Emmanuel Macron, um dos problemas do acordo entre Mercosul e UE é a falta de um compromisso mais claro relacionado à questão climática e à preservação da biodiversidade.

Nota de repúdio

Em nota divulgada na última quinta-feira (21), entidades do agronegócio e da indústria de alimentos do Brasil também criticaram as declarações do CEO global do Carrefour. “Se o CEO Global do Grupo Carrefour, Alexandre Bompard, entende que o Mercosul não é fornecedor à altura do mercado francês – que não é diferente do espanhol, belga, árabe, turco, italiano –, as entidades abaixo assinadas consideram que, se não serve para abastecer o Carrefour no mercado francês, não serve para abastecer o Carrefour em nenhum outro país”, diz o documento. O texto é assinado por CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), a SRB (Sociedade Rural Brasileira) e FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

Carlos Fávaro apoia movimento de produtores e entidades do agro que sugerem boicote em repúdio à decisão do Carrefour, na França, de suspender venda de carne oriunda dos países do Mercosul.


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