CEO de grupo francês se opõe a acordo comercial UE-Mercosul
Em postagem nas redes sociais, o CEO do grupo sucroalcooleiro francês Tereos, Olivier Leducq, se posicionou contra a aprovação do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul sob os termos atuais. De acordo com ele, o texto criaria uma “concorrência desleal” entre os produtos agrícolas franceses e os do bloco do qual o Brasil faz parte.
“No momento em que nossos colaboradores estão focados na implementação de práticas de agricultura regenerativa, como nossas exportações agrícolas conseguirão fazer frente à concorrência desleal de produtos importados que não cumprem as mesmas normas ambientais e sociais?”, disse ele em postagem no LinkedIn.
O executivo disse ser contra a assinatura do acordo no estado atual, posição endossada pelo presidente francês, Emmanuel Macron, que alega buscar proteção ao setor agrícola do país.
“Apelamos à França para que continue a apoiar essa posição e a mobilizar outros Estados-membros para garantir que este acordo não seja imposto pela Comissão Europeia”, diz Leducq. “Os impactos no setor sucroalcooleiro seriam significativos. E não vale brandir cláusulas-espelho como garantia de proteção: elas são inexequíveis.”
A Tereos é sediada na França, mas tem operações em outros países. No Brasil, é dona do açúcar Guarani, e é a segunda maior produtora de açúcar do País.
A empresa afirmou que a postagem do CEO se refere apenas “à necessidade de uma discussão mais aprofundada sobre as diferenças regulatórias que impactam a competitividade econômica entre os dois blocos comerciais” e que não foi um questionamento à qualidade dos produtos ou ao comprometimento do Brasil e do Mercosul com práticas sustentáveis.
Em alguns comentários, o CEO da Tereos afirmou não ter se referido a um único país e que suas preocupações são sobre a disparidade entre padrões ambientais e sociais entre a UE e países do Mercosul, entre eles o Brasil.
O anúncio de que a rede Carrefour não venderá carnes procedentes do Mercosul em suas lojas na França provocou uma crise, e como mostrou o Broadcast, levou frigoríficos brasileiros a suspenderem entregas para o Carrefour Brasil.