Ha Joon Chang fala sobre desafios do desenvolvimento sustentável
O sul-coreano Ha Joon Chang é considerado um dos economistas mais proeminentes da atualidade. Autor do best-seller “Chutando a Escada: A Estratégia do Desenvolvimento em Perspectiva Histórica”, ele é um crítico contumaz dos obstáculos que países ricos impõem ao desenvolvimento das nações mais pobres.
Essa foi a tônica de seus discursos durante sua mais recente passagem pelo Brasil, onde participou de painéis do G20 Social, evento que antecedeu a Cúpula de Líderes das maiores economias do mundo, e conversou com o InfoMoney.
Foco na transição energética
Chang trocou Cambridge pela Universidade de Londres, onde é co-diretor do Centro de Transformações Estruturais Sustentáveis (CSST, na sigla em inglês). “O foco é discutir como os países em desenvolvimento podem implementar políticas que permitam transformar suas economias para lidar com a crise ecológica”, diz. Segundo Chang, a transição energética precisa contemplar mudanças na estrutura econômica e social desses países.
O Brasil como exemplo
Chang acredita que o Brasil pode servir como exemplo de como adotar ações rápidas e de larga escala contra as mudanças climáticas antes que o mundo chegue a um ponto sem retorno.
Desindustrialização e dependência de commodities
Chang observa que o país passou por um processo precoce de desindustrialização, que ainda pode ser revertido, para evitar que a dependência de commodities gere impactos ainda mais profundos. Ele afirma que a dependência de commodities aumentou, o que impacta o desmatamento e a redução da biodiversidade.
Governos de extrema direita
Para o professor, a ascensão do que ele classifica como governos de extrema direita é uma grande preocupação, visto que muitos desses líderes, quando não negam, minimizam a crise ecológica e se recusam a agir.
Investimentos públicos e privados
Chang vê uma maior participação do capital privado na transição para uma economia sustentável, mas enfatiza a importância de investimentos públicos. Ele critica as nações desenvolvidas, que injetam pouco dinheiro nos projetos de transição energética nos países em desenvolvimento. Chang afirma que os países em desenvolvimento são os que menos contribuem para as mudanças climáticas, mas são os que mais sofrem com seus efeitos.