Tony Blair fala sobre a política e as dificuldades na implementação de reformas
O ex-primeiro ministro do Reino Unido, Tony Blair, participou do CNC Global Voices, promovido pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em São Paulo, e destacou a importância da boa comunicação para conquistar o poder, mas ressaltou que a política apresenta obstáculos na execução dos planos de governo. Segundo Blair, a política é uma atividade que não exige qualificação prévia, mas é necessário ter atitudes de executor para implementar as mudanças necessárias.
A liderança e a construção da maioria
Para Blair, é fundamental construir uma liderança que estabeleça direção clara, reconhecendo que aprendeu mais com seus erros do que com seus sucessos. Ele ressaltou que, em seu primeiro mandato, tinha a maioria, mas não tinha aprendido ainda a capacidade executiva, e que no segundo mandato se concentrou na capacidade política. Blair acredita que causar mudanças é muito difícil, exemplificando isso com as dificuldades encontradas por seu governo durante as muitas reformas que tentou implementar, como na saúde e educação, que sofreram muitas resistências.
As dificuldades das reformas
Blair destacou que as políticas são brutas e que é necessário fazer concessões para que as reformas sejam concluídas. Ele lembrou que nenhuma reforma o tornou popular, e que as reformas devem ser vistas sob a ótica de quem é diretamente impactado. Na educação, por exemplo, é preciso pensar com a cabeça dos pais, não dos políticos, e na saúde, é preciso pensar nos pacientes. Blair ainda disse que as tecnologias têm grande potencial para auxiliar na implementação de reformas, especialmente na saúde preventiva.
O potencial do Brasil
Sobre o Brasil, Blair reconhece a turbulência política, mas pondera que o país tem um potencial enorme. Ele destaca que a tecnologia pode ajudar muito na educação e que a resposta da produtividade das empresas está na tecnologia, especialmente na inteligência artificial. Blair ainda critica a polarização política e acredita que é possível superar o sistema ideológico e concentrar no que funciona, pois no fundo as pessoas querem que o governo faça sua vida melhor.
Júlio Rossato