Plano de fuga de Bolsonaro após eleições de 2022
Aliados de Jair Bolsonaro (PL) elaboraram um plano detalhado para garantir sua fuga caso o golpe de Estado planejado após as eleições de 2022 fracassasse, segundo relatório de 884 páginas da Polícia Federal (PF) enviado ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O esquema, inicialmente discutido após as manifestações de 7 de setembro de 2021, incluía estratégias militares, ocupação de locais como os Palácios do Planalto e Alvorada e apoio logístico das Forças Armadas, com o objetivo de proteger Bolsonaro e garantir sua retirada para um local seguro fora do país.
De acordo com a PF, o planejamento da fuga começou a ser discutido após as manifestações de 7 de setembro de 2021, realizadas em Brasília (DF) e São Paulo (SP), nas quais Bolsonaro fez ameaças diretas ao STF e questionou a legitimidade do sistema eleitoral.
Informações do relatório
O relatório pede o indiciamento de 37 pessoas, incluindo Bolsonaro, por envolvimento na suposta trama golpista. Segundo o documento, Bolsonaro era informado sobre o andamento da suposta trama golpista, mas não atuou diretamente em nenhum núcleo. A participação de militares seria essencial no esquema, com sua mobilização para garantir a segurança de Bolsonaro durante o deslocamento para locais seguros. O plano incluía o uso de armamentos e veículos do Exército Brasileiro para transportar o ex-presidente até pontos estratégicos previamente definidos.
Estratégias do plano
O plano de fuga foi estruturado a partir de conceitos militares conhecidos como RAFE (Rede de Auxílio à Fuga e Evasão) e LAFE (Linha de Auxílio à Fuga e Evasão), utilizados em operações de guerra para resgatar alvos em território hostil. No caso de Bolsonaro, essas táticas foram adaptadas para criar rotas seguras e redes de apoio capazes de viabilizar sua retirada do Brasil caso as tentativas de golpe não obtivessem sucesso. Entre os detalhes, consta a previsão de ocupar instalações estratégicas como os Palácios do Planalto e Alvorada, transformando esses locais em zonas de proteção temporária, além de ações coordenadas para desviar a atenção das autoridades e facilitar sua saída por vias alternativas, como rotas clandestinas ou transporte aéreo militar.
Adaptações do plano
Segundo os investigadores, o plano de fuga, inicialmente elaborado em 2021, foi adaptado no final de 2022, após o fracasso da tentativa de golpe de Estado. Bolsonaro deixou o Brasil no dia 30 de dezembro de 2022, dois dias antes do término de seu mandato, rumo aos Estados Unidos, com o objetivo de evitar uma possível prisão e acompanhar à distância os desdobramentos dos atos violentos de 8 de janeiro de 2023, que culminaram na invasão das sedes dos Três Poderes por seus apoiadores.
Júlio Rossato