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Haddad anuncia pacote fiscal, mas deixa mercado com mais perguntas do que respostas

Fernando Haddad, ministro da Fazenda, anunciou um pacote fiscal trazendo mais detalhes, mas ainda deixando mais perguntas do que respostas para o mercado.

Haddad anuncia pacote fiscal

Após um pregão emocionante, com o dólar atingindo o maior valor nominal de sua história com as primeiras informações vistas como negativas no sentido de compromisso com o ajuste fiscal, Fernando Haddad, ministro da Fazenda, anunciou um pacote fiscal trazendo mais detalhes, mas ainda deixando mais perguntas do que respostas para o mercado. Analistas esperam agora por mais detalhes do plano, a serem divulgados nesta quinta-feira (28) às 8h (horário de Brasília) em coletiva.

Diretrizes do pacote

Entre as diretrizes básicas do pacote de contenção de gastos, com a intenção de gerar uma economia de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos, o ministro indicou que haverá:

  • mudanças na regra do salário mínimo, que ficará restrita aos parâmetros do arcabouço fiscal;
  • mudanças no abono salarial, que será limitado a quem ganha até R$ 2640 corrigidos pela inflação, até atingir 1,5 salário mínimo;
  • mudanças na aposentadoria militar, com a instituição de uma idade mínima e limitação na transferência de pensões;
  • regulamentação do teto salarial no serviço público;
  • destinação de 50% das emendas de comissão para a saúde, e crescimento abaixo do limite de gastos das emendas globais;
  • aperfeiçoamento dos mecanismos de controle de fraudes e distorções.

O ministro também anunciou o aumento do limite de isenção do imposto de renda, que hoje é de R$ 2.824, para R$ 5 mil por mês. Para compensar o impacto fiscal, o governo proporá uma tributação mínima para pessoas físicas que recebem mais de R$ 50 mil.

Reações do mercado

Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP, destacou que, embora o ministro tenha delineado a ideia geral do contingenciamento, faltaram detalhes cruciais sobre como esses cortes serão implementados. A expectativa agora se volta para a coletiva de imprensa, na esperança de que mais informações sejam reveladas.

Segundo O Globo e Folha, Haddad anunciará isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil em pronunciamento.

Para a equipe de análise macroeconômica da XP, as medidas vão na direção certa mas, ainda assim, somar R$ 70 bilhões em impacto conforme anunciado parece, até agora, desafiador.

Jefferson Laatus, chefe-estrategista do Grupo Laatus, expressou preocupação com o foco do governo em aumentar receitas por meio de impostos, combinado com a isenção de IR para salários até R$ 5 mil. Ele teme que a medida seja mais política do que técnica, com alto risco de não ser aprovada no Congresso.

Para o head de Alocação da W1 Capital, Victor Furtado, há dúvidas sobre a execução do pacote. “Acreditamos que existem desafios claros pela frente, por mais que essa economia de R$ 70 bilhões ajude no cumprimento do arcabouço fiscal definido no último ano”, afirmou ele, em comentário enviado a clientes. “Não vemos mudanças estruturais que possam colocar a dívida pública em uma trajetória mais sustentável no longo prazo”, acrescentou.


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