Introdução de impostos de importação no comércio eletrônico
A introdução de impostos de importação sobre compras internacionais abaixo de US$ 50 em 20% passou a vigorar em agosto deste ano e seus impactos já podem ser sentidos para o comércio entre as varejistas. Os dados da Receita Federal mostram que nos dois primeiros meses após a introdução do imposto, as importações caíram aproximadamente 35%, totalizando R$ 2,4 bilhões, abaixo dos R$ 3,7 bilhões em junho e julho.
Impactos do imposto
O menor nível de importações pode ser atribuído a uma carga tributária maior, com o imposto de 20% sobre pedidos abaixo de US$ 50 ou um imposto de 60% se acima desse limite, além de um ICMS de 17% (imposto estadual). Além disso, há uma maior supervisão de produtos importados à medida que players transfronteiriços se juntam à Remessa Conforme, deixando pouco espaço para evasão fiscal, e à redução dos “ganhos de arbitragem” de preços entre varejistas estrangeiras e locais, especialmente ao considerar tempo de entrega e taxas.
Impactos nas varejistas locais
O JPMorgan vê que os dados são positivos para varejistas locais de vestuário como Lojas Renner (LREN3), Azzas 2154 (AZZA3), C&A Brasil (CEAB3) e Guararapes (GUAR3), pois indicam redução da pressão competitiva de operadores internacionais. Isso foi parcialmente responsável pelas melhoras nas tendências de crescimento em todos os segmentos no 3T24. Em menor grau, os dados também são positivos para marketplaces (3P) em geral, incluindo Magazine Luiza (MGLU3) e Mercado Livre (BDR: MELI34).
Impactos nas plataformas asiáticas
As vendas de plataformas asiáticas como Alibaba, Temu e Shein foram impactadas apesar do crescimento do Programa Remessa Conforme. Enquanto isso, nos últimos meses, a Shein tem sido mais incisiva no desenvolvimento de sua plataforma de marketplace local, com sua operação internacional 1P perdendo gradualmente participação no GMV total. Comparando uma cesta de oito produtos entre varejistas locais e a Shein, a plataforma chinesa é mais barata que a Renner, Riachuelo e C&A.
Júlio Rossato