Operação Tai-Pan prende policial civil suspeito de lavagem de dinheiro em fintechs
Um policial civil de São Paulo foi preso em uma operação da Polícia Federal (PF) que desarticulou um grupo suspeito de movimentar R$ 6 bilhões em lavagem de dinheiro em fintechs, segundo a TV Globo. Cyllas Elia, dono do 2 Go Bank, foi detido em São Paulo na última terça-feira (26). A Operação Tai-Pan também foi realizada em outros cinco estados – Espírito Santo, Paraná, Ceará, Santa Catarina e Bahia –, além do Distrito Federal.
Segundo a PF, a organização criminosa era chefiada, em parte, por chineses e operava um complexo sistema bancário ilegal de lavagem de dinheiro e evasão de divisas envolvendo pelo menos 15 países. As fintechs sob suspeita teriam montado um “complexo sistema bancário paralelo e ilegal” e movimentado bilhões de reais dentro do país e a partir ou para países como Estados Unidos, Canadá, Panamá, Argentina, Bolívia, Colômbia, Paraguai, Peru, Holanda, Inglaterra, Itália, Turquia, Dubai e, especialmente, Hong Kong e China, para onde se destinava a maior parte dos recursos de origem ilícita.
De acordo com a TV Globo, Elia havia sido delatado pelo empresário Antônio Vinícius Lopes Ggritzbach, que foi executado no dia 8 de novembro, em pleno Aeroporto Internacional de São Paulo. Dias antes de ser assassinado, Ggritzbach havia delatado policiais por suspeita de corrupção, além de integrantes do PCC. As denúncias foram apresentadas ao Ministério Público e à Corregedoria da Polícia Civil. Em uma das denúncias, segundo a reportagem, Ggritzbach havia delatado Elia.
O dono do 2 Go Bank é também policial civil em São Paulo. Em entrevista à TV Globo, o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, que comanda a força-tarefa da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), informou que Elia pediu afastamento da Polícia Civil há cerca de um ano e meio. A defesa do dono do 2 Go Bank ainda não se manifestou sobre o caso. A instituição financeira afirmou, por meio de nota, que “está colaborando com as investigações e segue à disposição das autoridades”.
A operação mobilizou cerca de 200 agentes para cumprir 16 ordens de prisão preventiva e 41 ordens de busca e apreensão. A ofensiva mira supostos crimes contra o sistema financeiro, ocultação de capitais, organização criminosa e evasão de divisas. As ordens foram expedidas pela Justiça Federal e cumpridas em endereços residenciais e comerciais nos Estados de São Paulo, Espírito Santo, Santa Catarina, Paraná, Ceará e Bahia, além do Distrito Federal. As diligências ocorreram nas cidades de Campinas Cajamar, Guarulhos, Itaquaquecetuba, São Paulo, Brasília, Vila Velha, Foz do Iguaçu, Fortaleza, Florianópolis, São José e Feira de Santana.
A Justiça Federal determinou o bloqueio de bens e valores de mais de R$10 bilhões contra mais de 214 pessoas jurídicas envolvidas no esquema. O empresário Antônio Vinícius Lopes Ggritzbach, assassinado em novembro, já havia sido “jurado de morte” pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele era o pivô de uma guerra interna no PCC. A polícia investiga se o assassinato foi cometido a mando da organização criminosa, mas outras possibilidades não estão descartadas – como “queima de arquivo”, já que a vítima havia fechado um acordo de delação premiada e teria diversos desafetos.
Júlio Rossato