Tarifa de Trump preocupa empresas brasileiras
No mercado financeiro, a intenção do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 25% sobre importações do México e Canadá a partir de 20 de janeiro do ano que vem gerou discussões intensas. A medida tem como objetivo combater a imigração ilegal e o tráfico de drogas, especialmente o fentanil, medicamento opioide sintético para dores severas considerado extremamente potente. Analistas avaliam os possíveis desdobramentos econômicos e estratégicos da medida, destacando seus efeitos sobre empresas brasileiras expostas ao comércio EUA-México.
Setor de Bens de Capital
No setor de bens de capital, a exposição de empresas brasileiras ao comércio EUA-México varia. O BTG Pactual calcula que apenas 6% da receita consolidada de empresas sob sua cobertura provêm do México, destacando Tupy (TUPY3), WEG (WEGE3) e Iochpe-Maxion (MYPK3) como as mais expostas. Segundo o relatório, a Tupy gera 11% de sua receita com produtos fabricados no México e exportados para os Estados Unidos. No caso da WEG, essa proporção é de 8%, enquanto para a Iochpe-Maxion é de 5%.
Para mitigar os efeitos das tarifas, analistas sugerem que essas empresas poderiam repassar os custos às montadoras ou redirecionar parte da produção para o Brasil ou outras unidades no exterior. No caso da Tupy, a produção de blocos de motor no Brasil para exportação seria uma alternativa viável.
Empresas com Menor Vulnerabilidade
Algumas empresas brasileiras apresentam menor vulnerabilidade ao aumento tarifário. A Embraer (EMBR3), por exemplo, exporta diretamente do Brasil, enquanto a Marcopolo tem operações limitadas no mercado americano. Segundo o Bradesco BBI, a Mahle Metal Leve também enfrenta impacto neutro, já que suas exportações para os Estados Unidos são provenientes de outras regiões.
Expectativa de Concessões
Ambos os relatórios convergem na expectativa de que a proposta de tarifas não resulte no rompimento do USMCA (acordo de livre comércio entre os Estados Unidos, México e Canadá), mas leve a concessões do México em áreas como controle de drogas e imigração. Analistas do BTG Pactual lembram que o México pode retaliar com tarifas sobre produtos de estados americanos controlados por republicanos, estratégia que já foi empregada anteriormente.
Apesar das incertezas, o peso mexicano já se desvalorizou 25% em relação ao dólar desde junho, o que mitiga parte do impacto competitivo das tarifas, segundo o BTG Pactual.
Júlio Rossato