Ações de R$1,99 podem ser uma boa opção para investidores na Black Friday?
Em clima de Black Friday, quem não quer aproveitar promoções e fazer boas compras com preços baixos? Na Bolsa, os investidores ainda podem se deparar com ações que as lojas de R$1,99 – extintas pela inflação – teriam em seus portfólios, o que pode parecer um bom negócio. Afinal, especialistas recomendam comprar barato e vender caro. Mas, ao mesmo tempo, eles alertam que as aparências podem enganar.
Ações de R$1,99 na Bolsa
As ações de R$1,99 não são raras. Em 22 de novembro, 33 papéis eram negociados abaixo dos R$2, segundo levantamento feito pela Elos Ayta Consultoria, a pedido do InfoMoney. A lista tem nomes conhecidos de vários setores da economia, como Gol (GOLL4), Oi (OIBR3), Lojas Marisa (AMAR3), Espaçolaser (ESPA3) e Gafisa (GFSA3).
Práticas de precificação de ativos na Bolsa
A lógica de precificação de ativos na Bolsa tem diferenças e semelhanças com o que vemos nas prateleiras de varejistas. O mais importante, segundo analistas, é considerar que o preço, sozinho, não mostra se a ação está barata. “Não se deve confundir o preço unitário com o valor de capitação de uma empresa”, alerta Bruno Hardt, sócio-fundador da Prana Capital.
“O preço de tela não significa absolutamente nada na avaliação de uma empresa”, diz Filipe Villegas, estrategista de ações da Genial Investimentos. Para entender a afirmação categórica do especialista, é preciso dar alguns passos atrás, no processo de entrada das empresas na B3.
Múltiplos na avaliação de valor de uma empresa
Os múltiplos são as ferramentas mais usadas na avaliação de valor de uma empresa listada na Bolsa. Eles mostram a relação do valor de mercado das companhias com variáveis operacionais importantes, como lucro, geração de caixa e dividendos. O Preço/Lucro (P/L) é um dos múltiplos mais conhecidos e usados no mercado financeiro. É o resultado da divisão do preço da ação pelo lucro por ação que a empresa gera. De modo geral, um P/L alto mostra que a ação está cara, enquanto um múltiplo mais baixo indica uma empresa lucrativa, mas barata. Outro indicador muito usado é o P/VPA, que indica quanto os investidores estão dispostos a pagar pelo patrimônio líquido da companhia.
Mas, assim como o preço de tela, os múltiplos não resolvem todos os problemas do valuation e não podem ser analisados isoladamente. “É preciso compará-los com indicadores de empresas do mesmo setor”, diz Villegas. Cada segmento tem características diferentes e precisa ser analisado separadamente, indicam os especialistas.
Vale a pena investir em ações de baixo valor?
Investir em ações de baixo valor pode valer a pena quando a empresa ainda tem valor a entregar e a desvalorização nas ações teve mais fatores conjunturais do que estruturais, segundo Bruno Hardt: “empresas com bons ativos, bom histórico de gestão e planos de recuperação bem estruturados podem representar oportunidades, mas o preço de tela não vai nos dizer isso”.
Por outro lado, as ações com preços de tela baixos podem ser mais propensas a manipulações de mercado, com grandes movimentos sem fundamentos por trás. Além disso, o preço baixo pode causar variações muito fortes, o que não é considerado saudável para a maioria dos investidores. Por isso, investir nessas empresas esperando lucros exponenciais é muito arriscado, segundo especialistas.
Júlio Rossato