Mercado financeiro decepcionado com pacote fiscal do governo
No dia anterior ao anúncio do pacote fiscal do governo, o economista-chefe da XP, Caio Megale, afirmou durante um evento da Western Asset que o Brasil está tropeçando nas próprias pernas. Após o anúncio, a decepção se tornou o sentimento predominante entre os agentes do mercado financeiro.
O sócio e gestor sênior de multimercados da Kinea, Ruy Alves, afirma que as medidas não atenderam o principal ponto que o mercado financeiro buscava, que era o endereçamento da dívida pública para uma trajetória consistente de queda no futuro. Alves ainda destaca que a desoneração do imposto de renda para pessoas que ganham até R$ 5 mil mensais não é suficiente para resolver a dívida divergente do país.
Enquanto isso, o economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung, pondera que o texto aprovado pode afetar mais ou menos o risco fiscal brasileiro, dependendo das negociações no Congresso. Outra preocupação levantada por Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, é a superficialidade da medida de desoneração, que é baseada em um valor fixo de R$ 5 mil e não em salários mínimos.
O mercado financeiro já demonstrou descontentamento com o anúncio desde a véspera, quando o dólar fechou no maior valor nominal da história. Alves acredita que os ativos brasileiros devem sofrer bastante nos próximos dias e ao longo do tempo que o pacote for debatido no Congresso. A visão de que a desoneração do IR foi uma medida política anunciada no momento errado predomina no mercado.
Júlio Rossato