China proíbe exportação de minerais para os EUA
A China proibiu nesta terça-feira (3) exportações para os Estados Unidos de minerais essenciais como gálio, germânio e antimônio, que têm ampla aplicação militar, elevando as tensões comerciais entre os países um dia após nova repressão de Washington ao setor de chips chinês.
As restrições reforçam a aplicação dos limites existentes sobre exportações de minerais essenciais que Pequim começou a implementar no ano passado, mas se aplicam apenas ao mercado dos EUA.
Preocupações de segurança nacional
Uma diretiva do Ministério do Comércio Chinês sobre itens de uso duplo, com aplicações militares e civis, citou preocupações de segurança nacional. A ordem, que entra em vigor imediatamente, também exige uma revisão mais rigorosa do uso final de itens de grafite enviados aos EUA.
“Em princípio, a exportação de gálio, germânio, antimônio e materiais superduros para os Estados Unidos não será permitida”, disse o ministério.
Minerais essenciais
Gálio e germânio são usados em semicondutores, sendo que o germânio também é usado em tecnologia infravermelha, cabos de fibra óptica e células solares. Já o antimônio é utilizado em balas e outras armas, enquanto o grafite é o maior componente em volume de baterias de veículos elétricos.
A medida gerou novas preocupações de que Pequim poderia ter como alvo outros minerais essenciais, incluindo aqueles com uso ainda mais amplo, como níquel e cobalto.
Reações
Os Estados Unidos estavam avaliando as novas restrições, mas tomarão “as medidas necessárias” em resposta, disse um porta-voz da Casa Branca, sem dar detalhes.
Dados da alfândega chinesa mostram que não houve remessas de germânio ou gálio, trabalhados ou não, para os EUA neste ano até outubro, embora o país tenha sido o quarto e o quinto maiores mercados para os minerais, respectivamente, um ano antes.
Impacto nos preços
Os preços do trióxido de antimônio em Roterdã subiram 228% desde o início do ano, para 39.000 dólares a tonelada métrica em 28 de novembro, mostraram dados do provedor de informações Argus.
“Todos vão cavar em seus quintais para encontrar antimônio. Muitos países tentarão encontrar depósitos de antimônio”, disse um pequeno comerciante de metais na Europa, que não quis ser identificado.
Tensões comerciais
Este é o mais recente episódio da escalada de tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo, antes da posse do presidente eleito Donald Trump, em janeiro. Representantes de Trump não responderam imediatamente a um pedido de comentário.
Júlio Rossato