Moção de desconfiança pode derrubar governo francês
Os parlamentares franceses votarão na quarta-feira (04/12) as moções de desconfiança que provavelmente derrubarão a frágil coalizão de Michel Barnier, aprofundando a crise política na segunda maior economia da zona do euro. O governo de Barnier, que está tendo dificuldades para controlar um enorme déficit orçamentário, será o primeiro a ser forçado a sair por um voto de desconfiança em mais de 60 anos, a menos que haja uma surpresa de última hora. O debate começará às 12h (horário de Brasília), com a votação prevista para cerca de três horas depois, segundo autoridades do Parlamento. O presidente Emmanuel Macron retornará à França de uma visita de Estado à Arábia Saudita durante o dia.
Impacto na Europa
O colapso do governo francês deixaria um buraco no coração da Europa, especialmente porque a Alemanha também está em período eleitoral e Donald Trump está prestes a retornar à Casa Branca. O ministro do Interior, Bruno Retailleau, disse que aqueles que apoiam a moção de desconfiança estão jogando roleta russa com o futuro do país. Macron, na Arábia Saudita, disse que não pode acreditar que um voto de desconfiança ocorrerá, segundo a imprensa francesa. O ministro do Orçamento, Laurent Saint-Martin, disse que derrubar o governo e seus planos orçamentários significaria um déficit maior e mais instabilidade.
Esquerda e extrema-direita juntas
A esquerda e a extrema-direita juntas têm votos suficientes para derrubar Barnier, e Marine Le Pen confirmou que seu partido votaria em um projeto de lei de desconfiança de uma aliança de esquerda. A moção de desconfiança do próprio RN não teria o apoio de um número suficiente de parlamentares. O premium de risco que os investidores exigem para manter títulos da dívida do governo francês em vez dos títulos alemães estava próximo de seu nível mais alto em mais de 12 anos nesta terça-feira.
Júlio Rossato