Rodolfo Landim se despede do Flamengo após seis anos
A poucos dias de entregar a presidência do Flamengo, Rodolfo Landim deixa a cadeira com um “sentimento de missão cumprida”. Foram seis anos como mandatário do clube da Gávea em uma de suas eras mais vitoriosas, da qual o executivo se despede satisfeito com os resultados financeiros e esportivos.
Nos primeiros minutos de conversa com o InfoMoney, uma das últimas entrevistas do presidente no cargo, Landim se diz mais tranquilo falando sobre resultados econômicos. “Fico muito mais confortável do que falar sobre lesões de jogadores”, brinca.
Carreira de Landim
Com longa carreira na Petrobras, o executivo chegou a ser indicado para presidir o Conselho de Administração da estatal em 2022 — mas abriu mão da disputa — e presidiu a BR Distribuidora (atual Vibra), entre 2003 e 2006.
Gestão de Landim no Flamengo
À frente do Flamengo, foi a gestão que atingiu a faixa de R$ 1 bilhão em receitas recorrentes e estabeleceu um novo patamar para os resultados operacionais, na casa de R$ 200 milhões. Desde que assumiu, Landim viu o clube erguer 13 taças no futebol profissional, dentre elas duas Libertadores da América, duas Copas do Brasil e dois Campeonatos Brasileiros.
Ele se despede do cargo neste ano e vai conhecer seu sucessor após as eleições no dia 9 de dezembro, data das eleições no clube. Seu apoio vai para o candidato Rodrigo Dunshee, que disputa o pleito com Luiz Eduardo Baptista, o Bap, e Maurício Gomes de Mattos.
Legado de Landim
Landim assumiu a presidência do Flamengo após seis anos de gestão do presidente Eduardo Bandeira de Mello, o nome forte da reestruturação que mudou a realidade financeira do clube. Foi um período marcado por austeridade e menor competitividade esportiva, na expectativa de sanear uma dívida que, em 2013, estava na casa dos R$ 750 milhões.
A ideia era de que com as finanças estruturadas — o presidente assumiu um clube superavitário e com uma dívida já na casa dos R$ 400 milhões — fosse possível atingir outro patamar esportivo, o que resultaria em mais exposição comercial, melhores patrocínios, mais arrecadação com bilheteria.
Para Landim, a aposta em elevar a exposição do Flamengo foi acertada e permitiu reverter o cenário do resultado operacional no segundo mandato, o que considera um de seu principais legados.
Resultados financeiros do clube
De 2021 a 2023, a receita líquida do rubro-negro cresceu 29%, corrigida pela inflação, saltou de R$ 997 milhões para R$ 1,29 bilhão. Pelo mandato de Landim, a receita recorrente líquida saiu dos R$ 626 milhões para R$ 1,04 bilhão.
O executivo atribui as melhorias nos resultados operacionais e de receita a mudanças estruturais dentro do clube, como o estabelecimento de novos processos internos e investimentos em pessoas.
Desde 2019, as receitas comerciais do clube vêm em uma tendência de crescimento que deve levar a uma arrecadação na linha comercial de R$ 410 milhões em 2024, segundo a projeção. Entre os jovens até 14 anos, o clube calcula que tenha 30% dos torcedores, frente a uma torcida próxima de 20% levando em conta todas as faixas etárias.
Finanças do clube
O caixa do Flamengo está comprimido pelas despesas com atletas no decorrer do último ano, motivado pelo excesso de lesões em 2024, e a aquisição do terreno para a construção de seu estádio. No terceiro trimestre de 2024, caixa e equivalente de caixa somaram R$ 45 milhões, uma queda de R$ 217 milhões na comparação com o mesmo período de 2023, segundo balanço do clube.
Landim usa os resultados operacionais como principal argumento às críticas sobre uma redução abrupta no caixa do clube neste último ano.
“O que nos dá sustentação é um EBITDA recorrente em torno de R$ 200 milhões. Esse é o grande saldo que temos, que sustenta todos os nossos movimentos”, avalia Landim. “Tem banco toda hora querendo nos emprestar dinheiro. Banco só empresta para quem não precisa, e nós não precisamos, estamos estruturados”, adiciona o presidente.
Júlio Rossato