Gleisi Hoffmann: PT deve ampliar alianças sem perder ideologia
A deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente do PT, afirmou que o partido deve ter cautela ao dialogar com as forças políticas de centro para não perder sua identidade ideológica. Em entrevista ao jornal O Globo, Gleisi afirmou que o partido deve buscar ampliar o arco de alianças com vistas ao próximo ciclo eleitoral. No entanto, ressaltou que isso não deve comprometer as bandeiras históricas apoiadas pela base do partido. Segundo a parlamentar, o PT não deve perpetuar as estruturas sociais, políticas e econômicas injustas e excludentes que marcam o país.
Gleisi destacou que o PT é um partido de esquerda e deve continuar assim. Isso não impede que converse e faça alianças, como tem feito. Ela defendeu que o PT já teve diálogo político com o centro na campanha e ampliou no governo. Mas não podem pedir agora que o PT se suicide, rompendo com a base social que nos trouxe até aqui”, defendeu a presidente da legenda.
Reafirmação dos direitos do povo brasileiro
Gleisi Hoffmann ressaltou que o texto “reafirma a defesa dos direitos do povo brasileiro”, com destaque para “as conquistas na Constituição”.
Medidas que iriam contra os princípios do PT
Questionada sobre o que poderia fazer o PT romper com a sua base social, Gleisi Hoffmann citou o pacote de corte de gastos anunciado pela equipe econômica recentemente. Ela criticou a retirada de direitos, como o aumento real do salário mínimo, a desvinculação do mínimo da aposentadoria e dos benefícios sociais, além da mudança nos pisos da Saúde e da Educação. A deputada afirmou que não querem fazer a votação da reforma da renda para dar isenção a quem ganha até R$ 5 mil.
Em defesa de Lula
Gleisi Hoffmann deixou claro que o PT não trabalha com outro nome além de Lula para a eleição presidencial de 2026, na qual o atual presidente pode ser candidato novamente. Ela afirmou que ele é fundamental para ganharmos as eleições e não vê outro nome com capacidade de disputa na sociedade brasileira. A deputada comentou os índices de aprovação do governo federal, que, no entendimento do PT, são inferiores às entregas que a gestão fez nos dois primeiros anos de mandato.
A relação com Haddad
Gleisi Hoffmann garantiu que mantém uma relação cordial com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), apesar de já ter feito críticas a algumas decisões da equipe econômica. Ela disse que a relação nunca foi ruim e que a gente sempre falou aquilo que defende historicamente. Sobre a recente disparada do dólar, a presidente do PT disse que o Banco Central tem instrumentos para enfrentar a especulação com a moeda.
Adversários
Segundo a presidente do PT, o maior adversário de Lula continua sendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ela avalia que ele é a grande liderança da extrema direita e que vai tentar se candidatar, mas que vai depender do fortalecimento das instâncias da democracia para não deixar isso acontecer.
Júlio Rossato