Preços da carne sobem em novembro e influenciam alta do IPCA
A inflação oficial do país, IPCA, teve alta acima do consenso do mercado em novembro, influenciada pelos preços das carnes. Apesar da taxa mensal ter recuado de 0,56% em outubro para 0,39% em novembro, a leitura do último mês do IPCA foi influenciada pela alta em Alimentação e bebidas, especialmente pelo aumento de 8,02% nos preços das carnes.
Entre as altas mais relevantes anotadas no IPCA de novembro, destacam-se os cortes bovinos como patinho (+8,39%), acém (+8,87%), peito (13,14%), lagarto (8,75%), e alcatra (9,31%). Apenas o fígado bovino viu seu preço cair em 12 meses. Já a picanha mostrou alta de 3,06% no mês, chegando a +7,80% em 12 meses.
Causas da alta nos preços das carnes
A variação das carnes tem obedecido um processo natural do ciclo do setor. A menor oferta de animais para abate e o maior volume de exportações reduziram a oferta do produto. A oferta interna de carne caiu e, com as escalas de abate mais apertadas, os preços iniciaram uma trajetória de alta, chegando a R$ 353 a arroba – saindo de R$ 196 em setembro de 2023.
A carne contribuiu para uma alta acima do consenso do mercado no IPCA de novembro, mesmo com a desaceleração em relação a outubro. O grupo Alimentação e bebidas teve alta de 1,55% no último mês. Cortes menos nobres, como patinho e acém, lideraram as altas.
A picanha virou uma peça política tanto para apoiadores como para adversários, com as opiniões acompanhando a volatilidade dos preços. A promessa de campanha de que o preço da picanha ia cair num eventual novo mandato presidencial foi um dos fatores que tornaram esse corte tão importante.
Explicações adicionais
O consumo interno de carne se aqueceu no 2º semestre de 2024 ao mesmo tempo em que os produtores elevavam as exportações, num ambiente de real desvalorizado em relação ao dólar, segundo a diretoria da empresa de nutrição animal dsm-firmenich.
Maria Luiza Dourado é repórter de Finanças do InfoMoney. É formada pela Cásper Líbero e possui especialização em Economia pela Fipe - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.