General Walter Braga Netto é apontado como figura central em plano golpista
O general Walter Braga Netto, preso sob a acusação de obstruir o inquérito que investiga uma tentativa de golpe de Estado, é apontado pela Polícia Federal (PF) como uma figura central na organização criminosa que teria planejado impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O objetivo seria manter Jair Bolsonaro (PL) no poder após sua derrota nas eleições presidenciais de 2022.
De acordo com a investigação, o plano golpista incluía a prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), além do assassinato do então presidente eleito, Lula, de seu vice, Geraldo Alckmin, e do ministro do STF Alexandre de Moraes. Segundo a PF, Braga Netto não apenas tinha ciência do plano como também financiava os agentes golpistas que executariam a operação.
Principais pontos da investigação
- General Walter Braga Netto, Jair Bolsonaro, Valdemar Costa Neto, general Augusto Heleno e outras 36 pessoas foram indiciados pela Polícia Federal por envolvimento direto ou indireto na trama golpista;
- A prisão de Braga Netto não está formalmente ligada à sua participação direta na trama golpista, mas à sua atuação para dificultar o andamento das investigações conduzidas pela polícia;
- Braga Netto teria entregue dinheiro em uma sacola de vinho para oficiais das Forças Especiais do Exército, conhecidos como “kids pretos”, para financiar o plano de assassinato de Lula, Alckmin e Moares;
- Bolsonaro teria apresentado argumentos jurídicos para justificar uma “ruptura democrática”, mas o comandante do Exército rejeitou a proposta;
- A Procuradoria-Geral da República deve decidir se arquiva as investigações ou denuncia os indiciados ao Supremo.
Acusação de obstrução
Embora seja apontado pela Polícia Federal como peça central na preparação do golpe, a prisão de Braga Netto neste sábado, 15, não está formalmente ligada à sua participação direta na trama golpista, mas à sua atuação para dificultar o andamento das investigações conduzidas pela polícia.
Segundo a PF, o general estaria tentando obstruir as apurações por meio de ações como buscar acesso a informações sigilosas da delação do tenente-coronel Mauro Cid, combinar versões de depoimentos, coagir testemunhas ou eliminar provas. A defesa do militar, no entanto, nega que ele tenha tentado atrapalhar as investigações e afirma que o general não tinha ciência de qualquer plano golpista ou tentativa de assassinato.
A prisão preventiva de Braga Netto não representa uma aplicação antecipada de pena pelos supostos crimes relacionados à trama golpista. Seu objetivo é evitar que o acusado pratique novos delitos ou interfira no andamento do processo, seja destruindo provas, ameaçando testemunhas ou tentando fugir.
Próximos passos
A Procuradoria-Geral da República deve decidir se arquiva as investigações ou denuncia os indiciados ao Supremo. Caso o STF receba a denúncia, será aberta uma ação penal contra os Bolsonaros e seus aliados, com o julgamento e a definição de culpados e inocentes. Além disso, caberá ao ministro Alexandre de Moraes avaliar a solicitação e determinar à PF a execução das medidas, como a ampliação das investigações.