Ibovespa cai com decisão do Fed e leilão sem venda de títulos do Tesouro Nacional
A sessão já se desenhava como negativa para o Ibovespa depois da trégua da véspera, com agentes financeiros analisando texto-base de projeto de ajuste fiscal aprovado pela Câmara dos Deputados.
Além disso, em sessão com vencimento de opções do Ibovespa e de contrato futuro, também está no radar a decisão do Federal Reserve, que deve cortar os juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 4,25% a 4,50%, que virá acompanhada de previsões econômicas.
Contudo, no começo da tarde, o índice, que caía entre 0,6% e 0,8%, passou a registrar um desempenho ainda mais negativo, que persistiu durante a sessão. Às 13h40 (horário de Brasília), o Ibovespa caía 1,90%, a 122.325 pontos, enquanto o dólar seguia disparava de mais de 1%.
Se o cenário que vem se desenhando já é negativo, o estresse aumentou com mais um sinal de falta de apetite de investidores por papéis da dívida pública, após um leilão de títulos do Tesouro Nacional terminar sem nenhuma venda, e com recompra de apenas 10% do proposto.
Previsões ruins no mercado
O cenário bastante negativo tem sido reforçado com as novas visões de analistas para a economia brasileira. Em relatório revisando previsões, economistas do Bradesco afirmaram que o pacote fiscal anunciado trouxe medidas do lado da renúncia de receitas que revelam uma preferência por uma convergência ainda mais lenta da dívida pública.
A equipe do Bradesco destacou que o Banco Central decidiu reafirmar seu compromisso com a meta de inflação, procurando influenciar o câmbio e as expectativas.
“Apesar da enorme volatilidade dos preços de ativos nos últimos dias, não há indícios inequívocos de que essa estratégia esteja servindo a esses objetivos, neste momento, dada a ausência de uma política fiscal mais consistente”, observaram.
Analistas destacam forte aumento do pessimismo dos investidores
Analistas destacam forte aumento do pessimismo dos investidores com juros e dólar em alta, mas reforçam que há opções para se refugiar nesse cenário. A realização do leilão, fora do cronograma usual do Tesouro, havia sido comunicada na terça-feira para “oferecer suporte ao mercado de títulos públicos, assegurando seu bom funcionamento e o de mercados correlatos”. O tradicional leilão de quinta-feira foi cancelado, pela primeira vez desde a pandemia.
Com isso, o Tesouro Direto exibiu novamente alta generalizada nas remunerações de títulos públicos em todos os vencimentos nesta quarta-feira (18), mais uma vez em patamares recordes.
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Nesse cenário, passaram a trabalhar com a hipótese de uma taxa de câmbio constante, próxima aos últimos níveis, de R$ 6 daqui em diante enquanto esperam que a taxa de juros chegue a 15,25% na primeira metade de 2025.
(com Reuters)