Investidores brasileiros reduzem apetite por renda variável em meio a preocupações fiscais
Uma pesquisa da XP Investimentos mostra que a intenção dos investidores brasileiros de aumentar a exposição em renda variável caiu para 11% em dezembro, contra 16% em novembro, atingindo o menor nível do ano. No início de 2024, essa intenção estava em 65%, mas a deterioração do cenário doméstico interno, a queda do Ibovespa e as preocupações com a política fiscal no Brasil levaram a uma queda significativa. Por outro lado, o interesse por ativos locais de renda fixa, investimentos internacionais e criptomoedas aumentou na comparação com novembro.
Os dados da pesquisa
O interesse especificamente por ações, segundo o relatório, recuou de 30% em novembro para 18% neste mês. Os assessores de investimentos que deram nota para o Ibovespa, em uma escala de 0 a 10, estão pessimistas, sendo que 65% deram nota 5 ou menos. Além disso, 58% acreditam que o índice deve ficar abaixo dos 130 mil pontos nos próximos 12 meses, enquanto nesta quarta-feira (18), ele está na casa dos 124 mil pontos.
Houve também queda no interesse por fundos de renda variável (de 4% para 2%), fundos multimercados (de 8% para 5%) e fundos imobiliários (de 32%, em novembro, para 18% agora em dezembro).
Interesse em renda fixa e investimentos internacionais
Na contramão da renda variável local, os investidores estão otimistas com a renda fixa do Brasil. Entre os investidores consultados, 85% demonstraram interesse em Tesouro Direto e demais ativos de renda fixa, ante 78% no mês passado, e 66% em fundos de renda fixa, contra 60% em novembro. As aplicações nessa classe de ativos ficaram mais atrativas após a elevação dos juros no Brasil, para 12,25% ao ano.
Os investimentos internacionais também ganharam mais espaço. Entre os investidores consultados, 52% deles disseram ter interesse em ativos gringos, ante 36% no mês passado. As classes mais desejadas são bonds, ETFs (fundos negociados em bolsa), ações internacionais, dólar e fundos internacionais. Esse crescimento ocorre em meio ao avanço da moeda norte-americana e ao bom desempenho da bolsa americana, puxada pelo hype da inteligência artificial (IA) e pela vitória de Donald Trump.
Interesse em criptomoedas e ouro
O interesse por criptomoedas pulou de 20% em novembro para 33% neste mês. O aumento também ocorre após o crescimento do setor. De acordo com especialistas, 2024 foi o ano de amadurecimento da indústria de ativos digitais, principalmente por causa da entrada de investimento institucional e do apoio de setores políticos e econômicos. Assim como cripto, o ouro também está chamando mais atenção dos investidores.