Empresas buscam sustentabilidade com mercado livre de energia e créditos de carbono
A migração para o mercado livre e a contratação de energia gerada a partir de fontes renováveis sensibilizam as empresas a buscar outras ações de sustentabilidade, como a negociação de créditos de carbono, acredita o gerente de Negócios de Carbono da Auren (AURE3), José Guilherme Amato.
“A energia, sem sombra de dúvida, passa a ser porta de entrada para que esse tipo de player explore mais ainda maneiras de buscar uma redução, ou uma compensação, das emissões”, diz.
Como sua empresa pode aproveitar o mercado livre de energia
No ambiente livre de contratação, o consumidor pode escolher o fornecedor de energia elétrica. Essa opção está disponível hoje para clientes de média e alta tensão no Brasil.
Na visão de Amato, o fato de muitos projetos negociados no mercado livre serem de fontes renováveis sensibiliza os clientes para outras ações sustentáveis.
“A gente tem incentivado pequenos e médios consumidores a conhecerem iniciativas como, por exemplo, inventários de gases de emissões de efeito estufa simplificados”, diz. “Tudo acaba culminando em negócios mais sustentáveis”, acrescenta.
Auren busca se posicionar como player na venda de energia e créditos carbono
A Auren é uma das maiores comercializadoras em volume de vendas no mercado livre de energia no Brasil, com cerca de três mil clientes. Este ano, a companhia concluiu a incorporação dos ativos da AES Brasil e passou a ter um portfólio com potência instalada de 8,8 gigawatts (GW).
Em paralelo, em 2024 a empresa também lançou a plataforma digital de negociação de créditos de carbono, que podem ser comprados junto com a energia elétrica ou de forma separada.
A intenção da Auren é se posicionar não apenas como um player na venda de energia, mas também de créditos carbono. A venda de créditos representa R$ 20 milhões de faturamento anual para a companhia.
No ano passado, a empresa negociou 1,6 milhões de créditos e chegou a 5 milhões de vendas desde que entrou nesse mercado. A intenção é atingir 8 milhões de créditos até 2030.
Demanda por créditos de carbono vem de diferentes origens e perfis
Segundo o executivo, a demanda pelos créditos de carbono tem vindo de empresas de diferentes origens, regiões e perfis, desde grandes multinacionais até microempreendedores individuais (MEIs).
Entre janeiro e setembro, 66% das negociações na plataforma de créditos de carbono da Auren foram realizadas por pessoas físicas. As vendas para pessoas jurídicas representaram 34% do volume.
Projeto de lei para criação de mercado de carbono no Brasil pode ampliar interesse pela negociação de créditos
Para Amato, a aprovação do projeto de lei que cria o mercado de carbono no Brasil tende a ampliar ainda mais o interesse pela negociação de créditos. Ele pontua, no entanto, que ainda há muito desconhecimento sobre o tema no país.
“A gente também atua muito nessa jornada de normatização do conhecimento perante o que é o mercado de carbono em si”, diz.
O PL 182/2024 foi aprovado pela Câmara dos Deputados em novembro. O projeto cria um mercado regulado de carbono para as empresas no Brasil, com exceção do setor agropecuário primário.
Amato reconhece que a proposta aprovada tem falhas, mas acredita que será um passo importante para o estabelecimento desse mercado no país. Na visão do executivo, será importante que a sociedade civil e o setor privado participem ativamente das discussões sobre o regramento da lei, após a sanção presidencial.