Taxas de juros recuam com pacote fiscal do governo e recompra de títulos
As taxas dos DIs recuaram nesta quinta-feira, com quedas de mais de 60 pontos-base para alguns contratos, à medida que a curva de juros recebia alívio com o avanço do pacote fiscal do governo no Congresso, falas do futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e recompras de títulos pelo Tesouro Nacional.
No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 estava em 15,06%, ante 15,478% no ajuste anterior. Já a taxa do contrato para janeiro de 2027 marcava 15,3%, com queda de 65 pontos-base ante o ajuste anterior de 15,955%.
Pacote fiscal e recompra de títulos
Os investidores estavam focados na tramitação das medidas de contenção de gastos do governo no Congresso, com as notícias sobre a questão gerando estresse no mercado na abertura. O adiamento da votação da Proposta de Emenda à Constituição que restringe o acesso ao abono salarial, projeto que faz parte do pacote de ajuste fiscal, gerou temor no mercado sobre a desidratação ou rejeição da medida pelos parlamentares.
A intervenção no câmbio realizada pelo Banco Central com a venda de US$8 bilhões à vista em dois leilões separados em meio à desvalorização do real teve efeito positivo na curva de juros, reduzindo alguns dos prêmios de risco, com investidores aprovando a atuação da autarquia. A recompra de títulos públicos pelo Tesouro Nacional também ajudou a derrubar as taxas futuras elevadas.
Falas do futuro presidente do BC
As falas consideradas positivas do futuro presidente do BC Gabriel Galípolo durante coletiva de imprensa do Relatório Trimestral de Inflação repercutiram bem no mercado. Ele defendeu a meta de inflação e um ajuste fiscal contínuo e rejeitou a ideia de um ataque especulativo contra a moeda brasileira.
Cenário Fiscal
Notícias positivas do cenário fiscal chegaram durante a tarde, provocando quedas adicionais nas taxas. A Câmara dos Deputados aprovou, em primeiro turno, o texto da “PEC do Abono”, restando agora pendente a análise em segundo turno para que a matéria possa seguir ao Senado. O retorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Brasília, após recuperação de uma cirurgia em São Paulo, também elevava o otimismo sobre a possibilidade de o pacote fiscal ser totalmente aprovado até o fim desta semana.
No cenário externo, os mercados ainda reagiam à decisão do Federal Reserve anunciada na véspera, quando as autoridades reduziram a taxa de juros, mas sinalizaram um afrouxamento monetário menor do que o esperado anteriormente para o próximo ano.
Júlio Rossato