Investimentos em renda fixa tiveram bom desempenho em 2024
O ano de 2024 foi volátil para o mercado financeiro brasileiro, principalmente devido ao sobe e desce da taxa básica de juros. Nas três primeiras reuniões, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a Selic de 11,25% para 10,50%. Entre junho e agosto, a taxa foi mantida. No segundo semestre, no entanto, os diretores elevaram a taxa para 12,25% ao ano e apontaram para a continuidade do aperto monetário em 2025.
Esse movimento, influenciado principalmente pela taxa de câmbio e pelas expectativas para a inflação, foi negativo para os ativos de renda variável, mas teve impacto positivo sobre os ganhos na renda fixa atrelada à taxa básica de juros e ao CDI, indexador que normalmente apresenta uma variação entre 0,1 e 0,2 ponto percentual abaixo da Selic.
Renda fixa
Segundo Virgílio Lage, especialista da Valor Investimentos, a manutenção de taxas de juros elevadas aumentou a atratividade de títulos pós-fixados e indexados à inflação. Além disso, a captação líquida em fundos de renda fixa atingiu níveis históricos, refletindo a preferência dos investidores por segurança em meio a incertezas econômicas.
Confira abaixo quanto R$ 10 mil renderam nos principais títulos dentro dessa categoria:
- Poupança: R$ 10.656,83 líquidos no bolso - um avanço de apenas 6,57%.
- CDBs: R$ 10.853,94 em 12 meses, já com o desconto de 20% do IR.
- Tesouro Selic 2029: R$ 10.867,72 após um ano de aplicação, já descontando taxas e IR de 20%.
- Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs): R$ 10.905,39, um avanço líquido de 8,51%.
A poupança apresentou o menor retorno por conta da sua rentabilidade limitada. O imposto do CDB segue uma tabela regressiva, com as alíquotas diminuindo conforme o tempo que o investimento é mantido. Os CDBs e Tesouro não contam com proteção do FGC, mas são considerados “livres de risco” porque são emitidos pelo governo federal. Já as LCIs/LCAs são isentas de IR e contam com a cobertura do FGC.
Projeções para 2025
As projeções indicam que a renda fixa continuará sendo uma opção atrativa em 2025, com títulos pós-fixados e atrelados à inflação oferecendo retornos competitivos. No entanto, é importante monitorar o cenário econômico e o andamento da política fiscal, que podem influenciar as taxas de juros e, consequentemente, o desempenho desses ativos. O cenário é desafiador, especialmente porque as instituições revisaram suas projeções para uma Selic terminal de 15%. É fundamental tomar cuidado com a exposição acima do FGC e com gestão de liquidez para evitar possíveis prejuízos.
Júlio Rossato