Taxas de DI sobem em meio a desconfiança com política fiscal do governo Lula
As taxas dos contratos de DI fecharam a segunda-feira em forte alta, acima de 40 pontos-base em alguns vencimentos, em meio à desconfiança persistente do mercado com a política fiscal do governo Lula e ao avanço dos rendimentos dos Treasuries no exterior.
Como o mercado no Brasil estará fechado na terça e na quarta-feira em função do Natal, a liquidez também foi afetada nesta segunda, marcada ainda pelo avanço do dólar para perto de 6,20 reais.
No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 estava em 15,215%, ante 14,903% do ajuste anterior. Já a taxa do contrato para janeiro de 2027 marcava 15,44%, em alta de 45 pontos-base ante o ajuste de 14,992%.
Contratos mais longos
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 14,63%, ante 14,244% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,38%, em alta de 37 pontos-base ante 14,013%.
Pacote fiscal no Congresso
Na quinta e na sexta-feira, as taxas futuras despencaram no Brasil em meio ao andamento do pacote fiscal no Congresso, com o mercado reagindo ainda a declarações consideradas positivas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Nesta segunda, os receios em torno do pacote voltaram a impactar tanto os DIs quanto o câmbio. O movimento ocorreu sem que houvesse novidades no campo fiscal, mesmo porque o Congresso estará em recesso até fevereiro.
Cenário fiscal e externo
“(Há uma) abertura generalizada da curva de juros, (porque) ainda paira muito no mercado a preocupação em relação ao cenário fiscal”, avaliou Henrique Cavalcante, analista da Empiricus, acrescentando que o cenário externo também ajudava a sustentar o avanço dos prêmios no Brasil.
Os rendimentos dos Treasuries subiam desde cedo empurrados pela percepção de que o Federal Reserve tende a ser mais comedido no processo de corte de juros em 2025.
Liquidez reduzida
Durante a tarde as taxas dos DIs renovaram máximas em alguns vencimentos, com profissionais ouvidos pela Reuters pontuando que a liquidez reduzida antes do período de Natal favorecia oscilações maiores.
No fechamento, a curva brasileira precificava 99% de probabilidade de alta de 125 pontos-base da taxa básica Selic em janeiro, contra 1% de chance de elevação de apenas 100 pontos-base. Atualmente, a Selic está em 12,25% ao ano.
Expectativas de inflação
Pela manhã, a pesquisa Focus do Banco Central mostrou que as expectativas de inflação estão cada vez mais desancoradas. A projeção do mercado para a alta do IPCA em 2024 passou de 4,89% para 4,91% e em 2025 foi de 4,60% para 4,84% — em ambos os casos bem acima da meta contínua de inflação perseguida pelo BC, de 3%.
Já a projeção para a Selic no fim de 2025 saltou de 14,00% para 14,75% no Focus, ainda que a expectativa para o resultado primário do governo no próximo ano tenha passado de déficit de 0,64% do Produto Interno Bruto para déficit de 0,60%.
Rendimentos dos Treasuries
No exterior, os yields seguiam em alta firme no fim desta tarde, já após leilão de títulos de dois anos promovido pelo Tesouro norte-americano. Às 16h37, o rendimento do Treasury de dois anos–que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo– tinha alta de 4 pontos-base, a 4,347%. Já o retorno do título de dez anos –referência global para decisões de investimento– subia 7 pontos-base, a 4,595%.