China investigará importações de carne bovina
A China iniciará uma investigação sobre as importações de carne bovina, informou o Ministério do Comércio nesta sexta-feira. O país é o maior importador e consumidor de carne do mundo e está enfrentando um mercado com excesso de oferta que levou os preços domésticos a mínimas de vários anos.
Qualquer medida comercial para tentar reduzir as importações de carne bovina atingiria os maiores fornecedores da China, como Brasil, Argentina e Austrália.
Investigação chinesa
A investigação chinesa vai se concentrar em importações entre 1º de janeiro de 2019 e 30 de junho de 2024. A solicitação da investigação foi feita pela Associação de Criação de Animais da China e outros grupos do setor pecuário. Para o presidente da Abiec, Roberto Perosa, nada muda no momento para a exportações do Brasil, maior exportador global de carne bovina e o principal fornecedor da China, ofertando cerca de metade do que o país asiático importa.
Impacto no mercado
Perosa destacou que, por conta disso, o movimento chinês não deve impactar preço da carne ou da arroba do boi. “O comércio de carne bovina com o país asiático, portanto, prossegue normalmente”, acrescentou em nota a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), outra entidade do setor.
As importações totais de carne bovina da China atingiram 14,2 bilhões de dólares em 2023, um aumento em relação aos 8,2 bilhões de dólares de 2019, segundo dados alfandegários. O Brasil foi responsável por 42% do valor total do comércio, seguido pela Argentina, com 15%, e pela Austrália, com 12%.
Entre as possíveis consequências da investigação, Perosa citou a imposição de uma cota e uma tarifa maior para o que extrapolar o volume intracota. Hoje a carne importada pelo Brasil já paga uma tarifa de 12%. “Pode ser que depois de uma cota de 1 milhão de toneladas, acima disso viraria uma tarifa de 20%”, exemplificou hipoteticamente.
Exportação brasileira
De janeiro a novembro de 2024, o Brasil exportou 1,21 milhão de toneladas de carne bovina para a China, com alta de 11% na comparação anual, segundo dados divulgados no início do mês pela Abrafrigo. O país asiático respondeu por pouco mais de 40% das exportações brasileiras do produto.
O governo brasileiro afirmou que buscará, em conjunto com o setor exportador, “demonstrar que a carne bovina brasileira exportada à China não causa qualquer tipo de prejuízo à indústria chinesa, sendo, pelo contrário, importante fator de complementariedade da produção local chinesa”. As exportações brasileiras para todos os destinos já superaram 12 bilhões de dólares, alta de mais de 23%, enquanto a China importou equivalente a mais de 5,4 bilhões de dólares no ano até novembro (+3,4%).
Júlio Rossato