Surto de HMPV na China
O atual surto de metapneumovírus humano (hMPV) no norte da China aumentou as preocupações mundiais sobre a disseminação do vírus. O Centro de Controle de Doenças do país (CDC, na sigla em inglês) alertou a população para tomar precauções com a saúde e higiene.
“As infecções respiratórias tendem a atingir o pico durante o inverno”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, na sexta-feira, 3.
Protocolos de triagem, diagnóstico e isolamento de pacientes
O boom de novos diagnósticos poderia estar ligado, em parte, aos avanços nos protocolos de triagem, diagnóstico e isolamento de pacientes, aprendidos na pandemia da Covid-19. Com um sistema mais eficiente, mais casos são rastreados com maior agilidade.
Sintomas e prevenção do HMPV
O vírus foi identificado pela primeira vez em 2001, na Holanda, e tende a ser mais transmitido durante o inverno e início da primavera, mas também pode circular em outras estações.
Os sintomas do metapneumovírus humano costumam ser leves ou moderados, semelhantes aos do resfriado. Eles incluem febre, tosse, congestão nasal e dificuldades respiratórias. Em casos mais graves, pode haver necessidade de internação hospitalar para suporte respiratório.
Não há vacina ou antivirais destinados à prevenção e tratamento do metapneumovírus humano. Assim como em outros vírus respiratórios, o hMPV pode ser evitado com a higiene correta das mãos, evitando contato próximo com pessoas doentes ou compartilhamento de copos e utensílios e uso de máscaras.
Opinião dos especialistas
Especialistas acreditam que o hMPV não tenha potencial de provocar uma nova pandemia, como foi a da Covid-19, por ser um vírus conhecido há mais de duas décadas. Além disso, já existe um certo grau de imunidade a ele por infecções passadas.
“O metapneumovírus humano já é muito conhecido. Ele não é como o coronavírus, que veio de um animal e pegou uma população sem resposta imune — o que determinou tantos quadros graves. Já existe uma resposta imune do HMPV na população, então, a princípio, não existe a possibilidade de fazer quadros disseminados graves, como foi a Covid-19”, considera o médico Marcelo Otsuka, coordenador do comitê de infectologia pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
O virologista Eurico Arruda, professor da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, acredita que o atual surto seja sazonal, semelhante aos prévios. Contudo, ele considera importante obter informações de sequências do RNA do vírus que está circulando para verificar se há mutações que se correlacionem com mudança na circulação ou gravidade.
Júlio Rossato
