Meta flexibiliza política de moderação de conteúdo em português
A Meta, anteriormente conhecida como Facebook, anunciou em 7 de janeiro a nova política de moderação de conteúdo. A decisão agora está disponível em português e permite a publicação de conteúdo preconceituoso e sem a checagem de informações. A nova política permite a livre associação de homossexuais e transgêneros com termos como 'esquisito', desde que de forma satírica, no Facebook, Instagram, WhatsApp e Threads. As normas que barravam publicações com linguagem excludente sobre imigração, homossexualidade e religião foram apagadas. Além disso, a nova política libera a defesa de superioridade de gênero ou religião em detrimento de outras e a alegação de doença mental ou anormalidade baseada em gênero.
A Meta acabou com a política instituída há oito anos para reduzir a disseminação de desinformação na rede. Na prática, a responsabilidade de corrigir as publicações que possam conter informações falsas ou enganosas agora é da comunidade. Zuckerberg defendeu a atualização como uma volta às raízes em relação à liberdade de expressão. O recém-nomeado presidente de assuntos globais da Meta, Joel Kaplan, também repercutiu a medida na qual alegou servir para eliminar regras excessivamente restritivas sobre temas de 'frequente debate político'.
Repercussão e contrariedade
Políticos, instituições, centros de pesquisa e especialistas se manifestaram contrários à medida. Mais de 60 entidades, centros de pesquisas universitários e coletivos ao redor do mundo assinaram uma carta aberta reforçando a necessidade de regulação das redes sociais que priorize os direitos humanos e a segurança digital. O Ministério Público Federal (MPF) disse que vai enviar um ofício à Meta para questionar as alterações na moderação de conteúdo. A Advocacia-Geral da União (AGU) afirmou que o Brasil possui mecanismos legais para lidar com desinformação e que o governo não permitirá que o ambiente online se torne um espaço desregulado. A deputada Erika Hilton (PSOL-SP) pediu à Organização das Nações Unidas (ONU) para abrir uma investigação sobre a decisão da empresa.
Relação com conservadores e dança das cadeiras
O fim da política de moderação é apenas mais um passo de aproximação entre Zuckerberg e Donald Trump. Desde que o republicano ganhou as eleições em novembro, a Meta busca reatar as relações com os conservadores. Para isso, Zuckerberg jantou com Trump em Mar-a-Lago, onde também se reuniu com Marco Rubio. Uma doação de US$ 1 milhão para a posse do presidente foi concretizada naquela noite. Além disso, há uma dança das cadeiras em andamento na companhia. Na semana passada, o republicano Joel Kaplan, conhecido por intermediar a relação da Meta com os conservadores, foi nomeado como presidente de assuntos globais. Na segunda-feira, 6, Dana White, chefe do UFC e aliado próximo à Trump, se juntou ao conselho da gigante.