O que é o Tesouro RendA+?
O Tesouro RendA+ é um título criado pelo Tesouro Nacional em janeiro de 2023 para quem deseja investir em sua aposentadoria. O ativo tem um período de acumulação e outro de conversão, quando o montante acumulado é distribuído em parcelas mensais ao longo de 20 anos.
Como especuladores podem se beneficiar do Tesouro RendA+?
Especuladores compram títulos públicos e privados já pensando em vendê-los antecipadamente. Nessa estratégia, eles tentam usar a marcação a mercado a seu favor. Marcar a mercado nada mais é do que atualizar o valor dos títulos segundo os preços pelos quais estão sendo negociados atualmente.
Por exemplo, se um investidor tem um título do Tesouro RendA+ que paga IPCA + 7,20% ao ano e, seis meses depois, o ativo de mesmo vencimento estiver pagando IPCA + 6% ao ano, o papel valoriza no mercado, pois oferece uma taxa maior. E aí aparece a possibilidade de vendê-lo com lucro, sem carregar até o fim.
Jeff Patzlaff, especialista em mercado de capitais e planejador financeiro CFP, explica que é possível lucrar (ou ter prejuízo) com a marcação a mercado nos papéis do Tesouro RendA+, assim como acontece com outros títulos públicos prefixados ou atrelados à inflação.
Quem deve usar essa estratégia?
Essa estratégia, porém, não é recomendada a todos os investidores. É preciso verificar se seu perfil e expectativas estão bem alinhados com esse tipo de estratégia. Gabriel Fujimoto, economista da área de wealth management da Genial Investimentos, alerta que o título de aposentadoria tem prazos mais longos que os do Tesouro IPCA+ e vencimentos distantes estão geralmente associados à volatilidade, já que é difícil prever o cenário econômico em 30 anos.
Os analistas dizem que é preciso estar preparado para perdas nesse movimento e que não é interessante usar um montante crucial para sua saúde financeira. Para os investidores mais arrojados, a estratégia de obter ganhos com a marcação a mercado pode ser interessante com o nível atual das taxas, mas não deve ser considerada porque o título não foi projetado com esse objetivo e os vencimentos mais longos podem causar volatilidade maior.
Quais são os riscos?
Ângelo Belitardo, gestor da Hike Capital, pondera que as taxas de juros altas globalmente obrigam o Brasil a permanecer em patamares elevados, o que dificulta uma queda na curva de juros suficiente para que o retorno dos títulos atrelados à inflação compense seu excesso de volatilidade.
Jeff Patzlaff argumenta que historicamente, taxas acima de IPCA + 6% foram muito lucrativas na marcação a mercado, então os juros reais atuais acima de 7% são uma ótima oportunidade e devem ser muito lucrativos em alguns anos. Mas é preciso ter visão de longo prazo, já que quedas expressivas na curva de juros geralmente ocorrem de maneira gradual.