Pix ganha espaço no comércio em 2024
Quatro anos após começar a operar, o Pix ganhou em 2024 tração como meio de pagamento no comércio. Dados do Banco Central e das empresas de maquininhas apontam que a adoção acelerou ao longo do ano, e a expectativa é que aumente com o Pix por aproximação, que vai eliminar o maior obstáculo a um uso mais frequente: a necessidade de abrir o aplicativo do banco para fazer uma operação.
Os pagamentos de pessoas para empresas chegaram a 40% do total de transações de Pix em novembro. O uso do QR Code dinâmico – aquele que aparece no visor da maquininha – para iniciar um Pix saiu de 29% para 36% do total em cerca de um ano. Esse método demonstra que o sistema criado pelo BC ganhou espaço principalmente no varejo físico.
Na internet, o Pix tomou mercado do boleto bancário, uma forma de pagamento que leva mais tempo para ser processada, e que aumentava a desistência das compras por parte dos consumidores. A evolução em 2024 foi ganhar tração no varejo físico, em que o uso ainda era menor.
Desafios e avanços
Na visão do mercado, ainda existe muito a desbravar. Segundo Edson Luiz dos Santos, sócio fundador da consultoria Colink Business Consulting, “O Pix ainda não chegou ao varejo com a força com que pode chegar. Primeiro, ele chegou ao micro e pequeno empresário”. Já para Lia Matos, diretora de Estratégia e Marketing da Stone, o crescimento do Pix aconteceu em duas fases, primeiro substituindo transferências bancárias entre pessoas, e depois algumas formas de pagamento, como o boleto bancário. A chegada ao comércio físico é um novo desdobramento da segunda fase.
Outro fator, de acordo com executivos, é que o consumidor passou a querer pagar com Pix, o que leva o comércio a ter de ampliar a aceitação do sistema. Angelo Russomanno, diretor de Pagamentos para Pessoa Jurídica do Itaú Unibanco, afirma que a inclusão digital nos últimos meses e anos permite que mais gente queira pagar com o Pix no restaurante, na loja ou na farmácia, e as empresas precisam se adaptar.
Novos espaços
Um novo horizonte de avanço é o uso do Pix para operações entre empresas. Executivos do setor de meios de pagamento estimam que esse mercado movimente R$ 5 trilhões ao ano. A integração do Pix a sistemas de automação comercial tende a abrir novos espaços. O Itaú tem oferecido parcelamento de Pix para que empresas paguem fornecedores. O objetivo é permitir que capturem o benefício do pagamento à vista, como um desconto no preço, sem aumentar o desembolso de caixa. Na Cielo, o Pix complementa o rol de informações do chamado Farol, uma plataforma que compara, de forma anônima, o desempenho do comerciante com outros do mesmo setor e da mesma região ligados à companhia.
Júlio Rossato