Aeroportos lideram migração para mercado livre de energia renovável
A possibilidade de escolher o fornecedor de energia elétrica está atraindo concessionárias que administram ativos do setor de mobilidade no Brasil, como aeroportos e rodoviárias, a migrarem para o mercado livre de energia. O avanço na migração ocorreu mais rápido no segmento de aeroportos. O movimento foi impulsionado pela possibilidade de adotar a compra de energia renovável, dado o contexto internacional de metas para a descarbonização do setor de aviação.
De acordo com o gerente comercial da Echoenergia, Lucas Harb, uma das peculiaridades desse tipo de cliente são os horários de consumo, dado que os aeroportos maiores costumam operar sem paradas, enquanto os menores têm maior variação na demanda por energia. “A questão é entender o comportamento ou o consumo como um todo, entender a fundo aquela unidade consumidora, para trazer um produto que atenda as características e a necessidade dos aeroportos”, explica.
A companhia tem um contrato de fornecimento de energia renovável no mercado livre com a Norte da Amazônia Airports, concessionária dos aeroportos internacionais de Belém (Val-de-Cans) e de Macapá (Alberto Alcolumbre). Juntos, os dois aeroportos têm um consumo de energia de 1,64 megawatts médios (MWm). As unidades migraram para o mercado livre em outubro de 2023 e são atendidas por energia gerada a partir da fonte solar. Ao todo, a Echoenergia estima que a opção pela energia renovável leva os terminais a evitar a emissão de 4.245 toneladas de carbono por ano.
Rodoviárias ainda têm grande potencial de migração para mercado livre
O executivo da Echoenergia aponta que ainda existe um grande potencial de migração entre as rodoviárias no país. Segundo Harb, por terem um perfil de consumo menor, muitos terminais rodoviários somente passaram a ter a opção de migrar para o mercado livre de energia a partir de janeiro de 2024, quando o ambiente de contratação livre foi aberto a todos os consumidores de alta tensão (grupo A). “Tem oportunidades e existem rodoviárias que poderiam já estar também no mercado livre”, aponta.
Adoção de energia renovável reduz emissão de carbono em aeroportos
Soluções semelhantes também foram adotadas nos aeroportos de Florianópolis (SC) e Vitória (ES), operados pela Zurich Airport Brazil. A concessionária implementou em maio de 2024 um sistema que permite a compra de energia elétrica no mercado livre, com o certificado de fonte renovável I-Rec, para o abastecimento das aeronaves em solo, o que reduz o consumo de querosene para a turbina dos aviões e de geradores externos a diesel. A estimativa é que a iniciativa vai reduzir a emissão anual de cerca de 1.300 toneladas de carbono no terminal de Florianópolis e de 1.200 toneladas em Vitória.
Iniciativas similares estão em curso no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, além de Brasília, Porto Alegre e Fortaleza, atendidos pela Engie. A busca pela descarbonização não tem ocorrido apenas entre os aeroportos concedidos à iniciativa privada, mas também entre aqueles que são operados pela Infraero.
Júlio Rossato