Economista Marcos Lisboa fala sobre otimismo exagerado e pessimismo atual no Brasil
O economista Marcos Lisboa afirmou que o atual pessimismo no Brasil é uma resposta ao otimismo exagerado no início do terceiro mandato do presidente Lula, que se reverteu em um pessimismo ainda maior. Segundo ele, os economistas e agentes financeiros jogaram as contas de escanteio, quando o clima era de grande expectativa de que o governo iria respeitar as contas públicas, os juros fechariam e o câmbio ficaria controlado. No entanto, a curva de juros abriu e o câmbio subiu, levando os investidores a terem muitas perdas e desde o ano passado eles começaram a sair do país. Para que voltem, precisa-se criar condições.
Problemas de curto e longo prazo
O Brasil tem problemas de curto e longo prazo, sendo que no curto prazo, o emergencial é garantir que o fiscal não saia de controle. Para isso, a melhor saída é limitar o crescimento dos gastos públicos. Entretanto, não é possível cortar gastos de forma relevante no Brasil. O economista acredita que a discussão é limitar o crescimento ou não. No caso de uma limitação eficiente, os juros fechariam de forma saudável, sem pressão inflacionária, e a perspectiva de crescimento seria melhor para o longo prazo.
Problemas de longo prazo
Para o longo prazo, Lisboa vê problemas na segurança jurídica do país, e argumenta que ter regras e processos claros permite que o investidor não seja pego de surpresa e diminui a volatilidade que prejudica o crescimento do país. Infraestrutura também é uma questão, segundo o economista. “Há insegurança sobre os marcos regulatórios. Logística e energia precisam de regras mais claras”.
Reformas com problemas graves
As reformas têm problemas graves, segundo Lisboa. No tributário, infelizmente a gente se atrapalhou no fim e caiu nas medidas oportunistas de curto prazo, mudando regras de supetão e gerou insegurança. Essa insegurança que se instalou nos últimos meses sobre o mercado financeiro “não veio de graça”, acrescentou.
Responsabilidade dos estados
Lisboa vê muita captura dos recursos da União por pautas que não deveriam sequer ser cogitadas, como o envio de verbas para os estados. Ele acredita que os estados também devem ser responsabilizados pelos seus gastos e não sequestrar os recursos do país. “Que o estado arque com as consequências dos seus gastos e não sequestre os recursos do país”, afirmou o economista.