Economista critica política econômica de Trump
Paulo Leme, economista do Fundo Monetário Internacional (FMI) por nove anos, presidente do Goldman Sachs no Brasil por quase quatro anos e, atualmente, professor residente de Finanças da Universidade de Miami e chairman do Comitê Global de Alocação de Ativos da XP Advisory, criticou a política econômica proposta por Donald Trump e sua equipe em painel no evento Onde Investir 2025, promovido pelo InfoMoney.
Um dos aspectos que mais preocupa o especialista é o protecionismo, espelhado no fechamento de fronteiras para a imigração e pela ameaça de aumento de tarifas de importação. “Parece que estão lendo coisas do século XIX”, disse, sobre a equipe econômica do republicano.
Os pontos importantes
Leme vê três pontos importantes no cenário norte-americano: o primeiro é que o ponto de partida da economia é excelente, com crescimento real em torno de 2,5% e 3% no ano passado, taxa de desemprego muito baixa e situação patrimonial das famílias e empresas muito sólida. O segundo ponto é que essa parte da economia será turbinada por um dos pilares mais importantes do programa Trump: o corte de impostos para pessoas jurídicas e físicas. O terceiro ponto é que nada será fácil e a trajetória será muito volátil porque nem mesmo o Trump sabe exatamente o que vai fazer no fim de semana, muito menos na segunda-feira e menos ainda em julho deste ano.
A preocupação do especialista
Um aspecto que preocupa Leme é o aumento de tarifas de importação e como isso vai atuar com as forças positivas do estímulo fiscal. Agora, parece que será algo gradual. É uma loucura total fechar completamente as fronteiras de uma grande economia, como a dos EUA, ao comércio internacional junto com a mobilidade do fator trabalho (imigração), seu substituto.
A expectativa para a Bolsa
Leme acredita que o programa de Trump vai estimular ainda mais o crescimento econômico, o que será bom para os lucros e a perspectiva para a Bolsa segue muito positiva, com ganhos entre 10% e 15%. Porém, nada será fácil e a trajetória será muito volátil.
Situação fiscal ruim
Para Artur Wicchmann, CIO da XP e presidente do Comitê de Alocação da XP Advisory Brasil, a situação fiscal norte-americana é ruim. Ele questionou em que momento o fiscal começa a impactar a dinâmica do Treasurie de 10 anos. Leme acredita que a equipe econômica de Trump é imprevisível e que existe um certo grau de imprevisibilidade na dosagem que ele vai aplicar nas políticas econômicas.
Pressão de juros no Brasil
Quanto aos juros no Brasil, Leme acredita que o Fed não deve cortar mais a taxa de juros e esperar para ver se Trump será mais comedido na política econômica. A inflação que viria com o mix expansionista fiscal, tarifas de exportação e fechamento de fronteiras para imigração é o que preocupa o economista.
Geopolítica
Quanto à geopolítica, Leme acredita que o padrão geral do Trump é gerar muito ruído e desestabilizar para entrar em uma negociação rápida com as contrapartes. Ele espera que a discussão sobre anexar a Groenlândia não seja séria. O mercado terá retorno em renda variável com Trump, mas isso se traduz em volatilidade e há risco de cauda.