Chatbot chinês DeepSeek é usado para desinformação
O DeepSeek, um novo chatbot gratuito da China alimentado por inteligência artificial, é acusado de espalhar propaganda chinesa e desinformação sobre questões sensíveis ao governo. Desde o seu lançamento neste mês, pesquisadores descobriram que as respostas que ele fornece refletem a visão de mundo do Partido Comunista Chinês. O chatbot distorceu declarações do ex-presidente Jimmy Carter, editando-as seletivamente para fazer parecer que ele havia apoiado a posição da China de que Taiwan fazia parte da República Popular da China. O DeepSeek foi chamado de “uma máquina de desinformação” em um relatório da NewsGuard, uma empresa que rastreia desinformação online. O chatbot também produziu respostas que afirmavam que as políticas da China na repressão aos uigures em Xinjiang “receberam amplo reconhecimento e elogios da comunidade internacional”, apesar das Nações Unidas terem dito em 2022 que pode ter se configurado como crimes contra a humanidade.
As características da ferramenta estão levantando preocupações semelhantes às que atormentaram o TikTok, outro aplicativo de propriedade chinesa extremamente popular. As plataformas tecnológicas fazem parte dos esforços robustos da China para influenciar a opinião pública ao redor do mundo, incluindo nos Estados Unidos.
Modelagem de linguagem de grande escala
O DeepSeek utiliza a modelagem de linguagem de grande escala, aprendendo habilidades analisando vastas quantidades de texto digital extraído da internet para antecipar frases sobre um assunto, criando um elemento de imprevisibilidade ao fornecer respostas. Como todas as empresas chinesas, o DeepSeek deve obedecer ao controle do governo chinês e à censura online, que visa silenciar a oposição à liderança do Partido Comunista. O chatbot se recusa a responder a perguntas sensíveis sobre o líder do país, Xi Jinping, e evita ou desvia aquelas sobre outros tópicos que são politicamente tabus dentro da China.
Preocupações sobre desinformação
Os pesquisadores da NewsGuard descobriram que as respostas do DeepSeek refletiam as visões oficiais da China 80% do tempo e que um terço de suas respostas incluía afirmações explicitamente falsas espalhadas por oficiais chineses. O chatbot evitou responder uma pergunta sobre a alegação infundada de que em 2022 os ucranianos encenaram o massacre de civis em Bucha, uma vila na aproximação da capital do país, Kiev. A China persegue uma estratégia global robusta de informação para reforçar sua própria posição geopolítica e minar seus rivais, usando ferramentas de “poder brando” como a mídia estatal, bem como campanhas de desinformação encobertas. Em um relatório separado, a Graphika documentou uma série de campanhas de influência entre novembro e janeiro, incluindo uma tentativa de desacreditar a Safeguard Defenders, uma organização de direitos humanos baseada em Madri.
Júlio Rossato