Por que investir no exterior?
As recentes decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos podem desestimular investidores brasileiros a buscar oportunidades no exterior. Afinal, por que alocar capital lá fora, especialmente em renda fixa, se os investimentos domésticos estão tão atrativos? A resposta está na diversificação, segundo especialistas.
Jeff Patzlaff, planejador financeiro CFP e especialista em investimentos, disse que investir no exterior permite acesso a mercados e setores não disponíveis localmente, além de mitigar riscos específicos do país, como instabilidades políticas ou econômicas.
Diversificação é a chave
“A diversificação geográfica pode proteger o portfólio contra flutuações adversas na economia brasileira além de oferecer oportunidades de crescimento tanto em economias emergentes quanto desenvolvidas, sem falar que investimentos em moeda forte, como o dólar, rendendo 4-5% ao ano são extremamente interessantes”.
Os Treasuries são os mais recomendados pelos especialistas. O rendimento do título do Tesouro dos EUA de 10 anos, por exemplo, chegou a flertar com os 5% recentemente. Atualmente, a taxa está na casa dos 4,5%. Bem menor do que no Brasil, onde o rendimento do Tesouro Prefixado 2031 está acima dos 15%.
Maior atenção à dívida corporativa
A dívida corporativa pode ficar atrativa em 2025, sugeriu a gigante BlackRock no final de 2024. Esse mercado, no entanto, requer um nível maior de atenção do investidor, pois o risco de contraparte (crédito) e liquidez é superior se comparado aos títulos públicos federais.
“A escolha de boas empresas e a análise criteriosa de sua saúde financeira e capacidade financeira é mais importante que o nível de taxa de juros oferecida”, afirmou.
Bolsa americana continua atrativa
Para quem quer diversificação em renda variável, ETFs como o QQQ, que acompanha o índice Nasdaq, e o XLK, que busca replicar o desempenho do setor de tecnologia do S&P 500, também podem ser boas escolhas. Já ETFs globais, como o VT, focado em empresas do mundo, e fundos de mercados emergentes, como o EEM e o INDA (da Índia), podem “ajudam a mitigar riscos regionais e capturar o crescimento mundial”.
Exposição ao dólar é essencial
José Maria, da Avenue, acredita que a exposição à moeda norte-americana é essencial para reduzir a volatilidade cambial, independentemente do momento do mercado. “O dólar não é caro nem barato, ele deve estar sempre presente na carteira dos brasileiros”, afirmou.
Para ele, a especulação sobre o câmbio é pouco produtiva. “Há alguns meses, quando o dólar estava em R$ 5,50, muitos achavam que era caro. Agora que caiu para R$ 5,90, já dizem que está barato e que é hora de comprar. Isso mostra como as percepções variam, mas o mais importante é manter uma exposição constante à moeda”.
Júlio Rossato