Tarifas do governo americano preocupam o Brasil com inflação
As tarifas anunciadas pelo governo americano de Donald Trump contra seus principais parceiros comerciais reacenderam preocupações no Brasil com uma perspectiva inflacionária mais desafiadora, logo após o Banco Central ter adotado o que muitos viram como uma postura branda sobre o assunto.
Depois de aumentar as taxas de juros em 1 ponto percentual na semana passada para 13,25%, em linha com sinalização anterior, o BC enfatizou que os riscos de inflação permanecem inclinados para cima.
BC considera risco baixista para inflação
No entanto, ao detalhar esse balanço de riscos, o BC também declarou que “um cenário menos inflacionário para economias emergentes decorrente de choques sobre o comércio internacional e sobre as condições financeiras globais” agora era considerado um risco baixista para a inflação – uma mensagem que muitos viram como excessivamente branda dada a incerteza em torno das políticas comerciais de Trump.
Dois ex-diretores do banco central, falando sob anonimato, disseram à Reuters que a mensagem do BC, já vista como mal redigida na semana passada, agora parece ainda mais fora do tom.
Moeda brasileira enfraquecida
A moeda brasileira, que perdeu mais de 20% no ano passado em meio a dúvidas sobre a disciplina fiscal do governo, tem sido um dos principais impulsionadores das pressões inflacionárias no Brasil.
O consultor econômico Márcio Estrela, ex-servidor do BC, disse que os desenvolvimentos recentes sem dúvida enfraqueceram o argumento de um cenário menos inflacionário para mercados emergentes.
“Se as tarifas forem totalmente implementadas, elas serão inflacionárias nos EUA e reduzirão significativamente as chances de um corte de taxa do Fed”, disse ele.
No entanto, Estrela observou que uma queda sustentada nos mercados de ações dos EUA e interrupções nas cadeias de suprimentos poderiam, em última análise, desencadear uma recessão, o que seria deflacionário.