Leitura no Brasil: Interesse Diminui e Impactos na Sociedade
O interesse dos brasileiros pela leitura têm diminuído. De acordo com o 6º levantamento ‘Retratos da Leitura no Brasil’, divulgado em novembro de 2024, 53% dos entrevistados admitiram não ter lido nenhum livro, nem mesmo em partes, nos três meses anteriores à pesquisa. Pela primeira vez desde o início da série histórica, o percentual de não leitores é maior no país.
O levantamento considera como leitura livros impressos ou digitais, de qualquer gênero, incluindo didáticos, bíblia e religiosos. Em números totais, o Brasil tem uma estimativa de 93,4 milhões de leitores, uma redução de 6,7 milhões em comparação com a última coleta de dados, realizada em 2019.
Impacto na Formação Cultural e Hábitos de Leitura
Além disso, os números mostram que leitura por gosto diminui quanto maior a faixa etária: 38% das crianças entre 5 e 10 anos dizem ler por esse motivo, enquanto a porcentagem entre adolescentes e pessoas de até 24 anos varia entre 31% e 34%.
“É perceptível que boa parte dos estudantes não têm lido as obras literárias requisitadas [em sala de aula]. Apesar do amplo acesso por meio de bibliotecas físicas e até digitais”, explica Érica Fernandes Alves, professora do Departamento de Letras da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Desafios e Estratégias para Estimular a Leitura
Para ela, os jovens e adultos continuam sendo leitores, mas de outro formato, encontrado nas redes sociais. No entanto, esse tipo de leitura não é suficiente para substituir obras completas.
Segundo um levantamento feito em 2023 pela empresa britânica Proxyrack, o Brasil é o segundo país com o maior tempo de tela no mundo, cerca de 9 horas e 32 minutos por dia, atrás apenas da África do Sul, que tem uma média de 9 horas e 38 minutos.
Quem está na internet sabe: os brasileiros dominam as redes sociais. O exemplo mais recente é o engajamento massivo em absolutamente qualquer foto, vídeo ou entrevista com Fernanda Torres, indicada ao Oscar de Melhor Atriz em 2025 por sua atuação em ‘Ainda Estou Aqui’.
Outro ponto, levantado pela professora em sala de aula e percebido por Michelle durante a infância, é como os livros são um espaço de representatividade, no qual o leitor pode se enxergar, além de expandir a realidade ao mostrar outros mundos.
Júlio Rossato