Atacante Japonês Yugo Masukake Chega ao Maringá FC
Na semana passada, o Maringá FC anunciou a contratação do japonês Yugo Masukake, de 21 anos, do Kashiwa Reysol-JAP. O atacante já estreou e atuou durante 40 minutos na derrota para o Operário, na última rodada da primeira fase do Campeonato Paranaense.
Em Maringá desde dezembro do ano passado, Yugo aguardava a regularização de seu visto de trabalho para poder estar disponível ao clube. Desde lá, também já vivenciava as diferenças culturais entre o Brasil e seu país natal, além da evidente barreira do idioma.
Em entrevista exclusiva ao GMC Online, Yugo revelou os motivos que o fizeram vir para o Brasil, os maiores desafios de sua adaptação em Maringá e como ele se comunica com os companheiros no dia-a-dia do clube. A reportagem contou com a colaboração do tradutor Haroldo Sato, do Departamento de Ação Social da Acema (Associação Cultural e Esportiva de Maringá). Confira!
Falar de futebol é falar de Brasil, em qualquer outro lugar do mundo. No Japão não é diferente, ainda mais com os diversos craques brasileiros que já passaram por lá, desde Zico até o maringaense Alex Santos, que se naturalizou japonês após 18 temporadas jogando na Terra do Sol Nascente.
Yugo não veio para um país desconhecido por ele, pois o futebol os apresentou.
— Qualquer um sabe que o Brasil é uma referência mundial no futebol — disse o atacante. Não só isso, o jogador já havia sido treinado por Nelsinho Baptista, técnico brasileiro que esteve à frente do Kashiwa Reysol durante 10 anos, somando duas passagens.
As referências brasileiras e o momento de carreira fizeram com que Yugo optasse por vir ao Maringá FC, para aprender o “estilo do Brasil”.
— No primeiro ano [jogando pelo Kashiwa Reysol], eu tive um técnico brasileiro, o Nelsinho. Eu pude realmente fazer uma boa apresentação. Mas depois do segundo e terceiro ano, eu não consegui praticar o futebol que eu gostaria de praticar. E isso foi também um dos motivos que me trouxeram ao Brasil […] E quando eu fiquei sabendo [do interesse do Maringá FC], procurei algumas imagens na internet e tentei estudar um pouco, conhecer um pouco melhor a equipe — explicou o japonês.
A vinda de Masukake ao Tricolor Maringaense se deu através do empresário Paulo Afonso, que também agencia os atacantes Negueba e Júlio Rodrigues e que possui ligações com o futebol asiático. Segundo o diretor de futebol do clube, Tiago Reinis, o atleta foi oferecido e aprovado para fazer parte da equipe.
— A gente viu que ele se enquadrava no nosso modelo de jogo, veio por um valor razoavelmente barato, e a gente achou uma aposta válida […] O empresário nos falou da vontade do Yugo de vir para o Brasil. Hoje as grandes ligas do mundo tem jogadores japoneses jogando, por que não no Brasil? Maringá tem uma comunidade japonesa também importante e a gente tem uma expectativa grande com ele, muito a médio e longo prazo, a gente aposta muito que ele vai crescer — declarou Reinis.
O interesse de Yugo de jogar no futebol brasileiro também foi determinante para a transferência.
— Inicialmente, eu estava procurando outro time no Japão. Mas meu agente falou do Maringá FC e eu disse ‘realmente quero conhecer o futebol no Brasil’. Então, minha decisão foi bastante rápida — contou Masukake.
Para Reinis, o atleta, que veio sozinho para o Brasil, tem grande potencial para contribuir tecnicamente com o Dogão.
— É legal a gente ter um jogador japonês aqui, pela comunidade japonesa, mas eu acho que ele tem que agregar principalmente tecnicamente. Não é questão só de marketing ou de aparecer para o Japão, acho que é um jogador que, assim como todos os outros que estão aqui, tem como nos ajudar dentro do campo, tem como evoluir, tem como a gente poder depois vendê-lo de volta para a Ásia, ou para a Europa, ou para o Brasil. É uma aposta bem bacana e agora a gente tem que aguardar porque a gente sabe que a adaptação não é fácil […] A gente tem todo um staff para ele, para ele poder estar cada vez mais seguro aqui, tranquilo, e se adaptar o mais rápido possível. Ele foi super bem recebido pelo grupo, é um cara muito querido, trabalhador, comprometido, muito sério, empenhado, e a gente tem muito otimismo com ele — projetou o diretor de futebol do MFC.
Yugo Masukake iniciou sua carreira futebolística profissional aos 18 anos, após encerrar o ensino médio. Neste período, as boas e constantes atuações lhe garantiram uma convocação para a Seleção Japonesa sub-19 na disputa do Torneio de Toulon de 2022, em que o Japão ficou em sexto lugar.
Com sua experiência no futebol japonês e seu conhecimento do esporte no Brasil, o atleta reconhece diferenças importantes entre as duas escolas.
— A gente percebe a habilidade individual nas jogadas. Apesar que eu estava na primeira divisão no Japão, realmente não tem nem comparação. Os brasileiros são excepcionais. No Japão, a maioria das equipes joga com passes conectados, um jogo mais coletivo. Mas no Brasil é a habilidade individual. Logicamente, existe o lado coletivo, mas a gente vê muitas jogadas individuais que acabam dando grandes resultados — disse Yugo.
Essa característica do futebol brasileiro também atraiu o atacante por se assemelhar ao seu estilo de jogo. Tendo o drible, a velocidade e a objetividade como atributos principais, Masukake viu uma oportunidade de aprimorar seu jogo no Brasil.
— Eu acho que, pelo meu estilo, o futebol brasileiro está mais adequado do que o Japão. Logicamente está meio cedo para qualquer coisa, mas realmente eu pretendo me aprimorar bastante aqui e, quem sabe, então, seguir a carreira no Brasil.
— O Brasil é um país muito amigável. As pessoas de Maringá também são muito amigáveis. No começo, eu não sabia nem a língua. Foi difícil. Mas quando eu ia para o supermercado, as pessoas sempre me ouviam. Eu sabia que os brasileiros eram muito cuidadosos, amigáveis. E chegando aqui em Maringá, eu realmente senti mais isso. Eu me senti mais seguro disso — elogiou o jogador, ao falar de como está se sentindo em um novo país.
Yugo também revelou ter uma vida muito tranquila em Maringá, sem estresses. O principal desafio, porém, é a questão do idioma. Sem falar inglês e muito menos português, o atacante contou que começou a estudar a nova língua e que aos poucos vai aprendendo algumas palavras.
— ‘Obrigado’, ‘bom dia’, ‘boa tarde’, ‘boa noite’, ‘sou o Yugo’. São essas palavras, que são básicas. Estou começando por aí. Com meus companheiros, eu estou usando um aplicativo de tradução, e estou aprendendo a falar com as pessoas. Todos os companheiros são muito amigáveis, então eles me ajudam a falar com as pessoas. Eles me ensinam várias coisas. Eu os ensino a f falar japonês e eles me ensinam a falar português, que não é fácil […] Perto da minha casa tem um restaurante japonês e o dono fala japonês — contou Yugo.
Além do idioma, o jogador também está tentando se adaptar a outro aspecto ‘brasileiro’.
— No Japão, o horário é extremamente rigoroso. Aqui o pessoal é mais tranquilo, não tem toda essa pressa. Mas, fora isso, acho que estou me adaptando aos poucos.
Com dificuldades para se comunicar, fica difícil imaginar como um jogador pode entender instruções de um treinador ou de companheiros de equipe. A linguagem do futebol, no entanto, tende a ser universal, facilitando o entendimento.
— Quando a gente entra no campo, a gente já sabe mais ou menos automaticamente o que está querendo dizer. Então, acho que nesse sentido, não estou tendo muita dificuldade — disse Yugo, que revelou estar se inspirando em Negueba, seu concorrente de posição. — O Negueba é muito bom. Eu tenho visto vários jogos dele e também estou bem atento ao jogo. Eu o considero um dos melhores atletas do Maringá FC, então acho que tenho muito a aprender olhando, acompanhando a jogada dele. É uma boa referência para mim — explicou.
Evidenciando o desafio da comunicação, o treinador Jorge Castilho contou como é lidar com o Yugo, que vem se adaptando ao estilo de jogo do Dogão.
— A gente está se virando do jeito que dá para se comunicar com ele, ele entende algumas coisas também, facilita bastante. E é um jogador que tem o ‘um contra um’ muito bom, ele ataca bem. A comunicação, às vezes, atrapalha um pouco dentro do campo, principalmente com os companheiros, mas ele já está se adaptando, se adaptando bem — declarou o técnico.
Com Yugo à disposição, o Maringá FC volta a campo neste sábado, 22, às 16h, no Estádio Regional Willie Davids, contra o Coritiba, pelo jogo de ida das quartas de final do Campeonato Paranaense.
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Publicado primeiro em GMC Online » Elogios ao futebol brasileiro e adaptação a um novo país: saiba como o atacante japonês Yugo Masukake veio parar no Maringá FC. Por favor, não se esqueça dos devidos créditos.
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Júlio Rossato